PF aponta que quase metade dos aposentados desconhece Meu INSS governo tenta ampliar acesso

Brasília — InkDesign News — Dados do relatório da Polícia Federal (PF), que motivou investigação sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelam que 42,4% dos aposentados e pensionistas ouvidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) desconhecem o Meu INSS, enquanto 25,1% conhecem, mas nunca utilizaram a plataforma.
Contexto político
A investigação da Polícia Federal detalha fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS, expondo fragilidades no controle da folha de pagamento. Desde a operação deflagrada, o governo tem estabelecido medidas para conter os abusos, como a exigência da biometria para liberar novos empréstimos consignados de aposentados e pensionistas, e a possibilidade de registrar eletronicamente reclamações relativas a descontos feitos por associações e sindicatos, via aplicativo e site do Meu INSS.
Paralelamente, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) trabalha no desenvolvimento de um sistema que permita compartilhar os dados do INSS com os Correios e a Caixa Econômica Federal, com expectativa de lançamento em breve, buscando ampliar o atendimento presencial e mitigar a exclusão digital.
Reações e debates
A elevada taxa de desconhecimento e o baixo uso do Meu INSS entre os beneficiários suscitam preocupações sobre o acesso ao controle e à contestação de descontos indevidos, sobretudo para aqueles em faixas etárias mais avançadas.
“Existem três níveis de dificuldade. O primeiro é conhecer a plataforma; o segundo ter acesso a internet ou a um smartphone, por exemplo; e depois disso ainda há o problema de como lidar com a ferramenta, que precisa ser mais intuitiva”
— Pedro Almeida, professor e doutor em sociologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Segundo a pesquisa mais recente do Índice de Alfabetismo Funcional (Inaf), em 2024, 48% das pessoas entre 50 e 64 anos tiveram baixo desempenho em testes digitais que envolvem atividades como compras online e preenchimento de formulários virtuais, indicando dificuldades que podem comprometer o uso efetivo do Meu INSS.
“Usar apenas a plataforma Meu INSS significaria muito mais cercear o acesso ao ressarcimento”
— Pedro Almeida, professor e doutor em sociologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Desdobramentos e desafios
A adoção obrigatória da biometria para novos empréstimos consignados é uma resposta às fraudes, porém o impacto social da digitalização das reclamações e dos atendimentos permanece um desafio, principalmente para aposentados e pensionistas com pouca familiaridade digital e para trabalhadores rurais. A iniciativa da Dataprev de expandir o atendimento presencial via parceria com Correios e Caixa busca equilibrar o acesso às soluções tecnológicas e o suporte humano.
A demora na implementação de recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU) contribuiu para a continuidade dos descontos irregulares, segundo avaliações internas, o que reforça a necessidade de aprimoramento dos sistemas e processos para proteger os beneficiários.
As medidas em curso refletem a tentativa de modernizar o atendimento e controlar fraudes, mas também evidenciam a necessidade de políticas inclusivas que considerem a realidade digital da população afetada, especialmente a considerada vulnerável.
Fonte: (CNN Brasil – Política)