Brasília — InkDesign News — O psicólogo social Jonathan Haidt, em entrevista recente, alertou para os riscos da “infância digital desprotegida” causada pela exposição precoce de crianças a plataformas digitais como TikTok, Instagram e YouTube. Segundo Haidt, a participação precoce de crianças como influenciadores digitais implica vender a atenção infantil a anunciantes, em um fenômeno que ele classifica como preocupante e que demanda regulação e limites sociais.
Contexto político
O debate sobre a presença infantil nas redes sociais integra uma agenda crescente sobre regulação digital, em especial diante da expansão da chamada economia da atenção, base que sustenta modelos de negócio focados em capturar o tempo e o foco dos usuários. No Brasil, iniciativas recentes incluem a proibição do uso de celulares em escolas durante o horário letivo. Internacionalmente, o exemplo da Austrália, que exige verificação mínima de idade para abertura de contas, serve como referência para propostas regulatórias.
Reações e debates
Jonathan Haidt critica a comercialização da infância digital ao apontar que “
Não somos o cliente dessas plataformas. Somos o produto. Os clientes são os anunciantes. E quando os pais colocam seus filhos para atuar como influenciadores, o que estão fazendo, na prática, é vender a atenção das crianças para esses anunciantes
— Jonathan Haidt, psicólogo social
”. Ele destaca ainda que essa exposição precoce não é uma prática inocente, mas sim um tipo de exploração econômica das crianças: “
Isso deveria ser ilegal. Você recebe dinheiro ao vender seu filho. É isso o que está acontecendo
— Jonathan Haidt, psicólogo social
”.
Outro ponto central levantado por Haidt é o impacto negativo na capacidade de concentração das crianças, que, segundo ele, compromete o desempenho escolar e futuro profissional: “
Se você não consegue se concentrar por 30 minutos sem interrupção, você não consegue fazer nada neste mundo
— Jonathan Haidt, psicólogo social
”.
Desdobramentos e desafios
Para mitigar os efeitos negativos, Haidt propõe uma combinação de medidas governamentais e pactos sociais, que incluem:
- Proibir o uso de smartphones antes dos 14 anos;
- Permitir acesso a redes sociais apenas após os 16 anos;
- Implantar escolas livres de celulares;
- Estimular brincadeiras autônomas e atividades ao ar livre para maior responsabilidade infantil.
As duas primeiras medidas, segundo Haidt, devem vir da regulação governamental, ao passo que as outras dependem de acordos sociais envolvendo famílias e instituições educacionais. Ele ressalta a transversalidade do desafio, destacando que “
Republicanos e democratas têm filhos. Apoiadores do Lula e do Bolsonaro também. Nunca houve um momento em que todos os pais do mundo enfrentassem o mesmo inimigo
— Jonathan Haidt, psicólogo social
”.
O debate coloca em evidência a necessidade de repensar o papel das famílias e das plataformas digitais na educação e no bem-estar das futuras gerações, num cenário em que a saúde mental e a capacidade cognitiva das crianças podem influenciar o desenvolvimento econômico e social dos países.
Fonte: (CNN Brasil – Política)
