
Brasília — InkDesign News — Sidônio Palmeira assumiu em janeiro como ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, em meio à crise do Pix, com o desafio de unificar o discurso do governo e enfrentar a repercussão crescente da crise envolvendo fraudes no INSS, que ameaça deflagrar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso.
Contexto político
A entrada de Sidônio Palmeira à frente da Secretaria de Comunicação foi apresentada como uma “renovação” na área, buscando integrar ministros e assessores para evitar contradições e fortalecer a comunicação oficial. O desafio aumenta diante da crise do INSS, cuja apuração de fraudes no sistema previdenciário mobiliza discussões sobre a instalação de uma CPMI no Congresso, com governistas ainda sem consenso claro sobre o apoio à medida.
Desde o início do governo, a comunicação passou por instabilidades, agravadas por divergências internas, como a crítica pública entre Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Vinícius Carvalho, da Controladoria-Geral da União. A oposição tem explorado as falhas comunicativas e as crises consecutivas, que somam ainda a polêmica envolvendo o TikTok e outras políticas públicas mal divulgadas.
Reações e debates
Após reunião no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ressaltou que “CPIs são prerrogativa do Legislativo”, mas alertou que uma CPMI poderia “comprometer a investigação policial e atrasar o ressarcimento às vítimas”.
CPIs são prerrogativa do Legislativo. No entanto, ressaltou que uma comissão desse tipo pode comprometer a investigação policial e atrasar o ressarcimento às vítimas.
— Gleisi Hoffmann, Ministra da Secretaria de Relações Institucionais
Do lado governista, senadores e deputados avaliam que não há “nebulosidade de comunicação” quanto às decisões dos órgãos envolvidos, conforme afirmou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). No entanto, aliados admitem a dificuldade do governo de se fazer ouvir nas redes sociais, onde a oposição tem maior alcance e explorado a crise.
Não há nenhuma nebulosidade de comunicação, ao nosso ver, no que acontece nas decisões tomadas pelos diversos órgãos do governo – que vem atuando até as notícias que chegam aos jornais e à população de maneira geral.
— Eliziane Gama, Senadora (PSD-MA)
Já opositores, como o deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), consideram que o esforço de Sidônio Palmeira, embora direcionado, é “inócuo e improdutivo” diante da distância entre a comunicação oficial e a realidade vivida pela população. A ministra Simone Tebet, por sua vez, reconhece Sidônio, mas classifica a comunicação como um dos maiores problemas do governo.
Desdobramentos e desafios
A possibilidade da CPMI do INSS tem elevado a tensão política e a atenção às repercussões sociais do escândalo previdenciário, que já mobilizou milhões de pessoas em debates nas redes sociais. O governo tenta, sob comando de Sidônio, aproximar a linguagem presidencial do público popular para mitigar os efeitos negativos na imagem do presidente Lula e da base aliada, que depende da aprovação popular para decisões futuras, como as eleições de 2026.
Apesar dos esforços, as crises sucessivas — desde o Pix, passando pelo INSS e o TikTok — têm dificultado a consolidação de uma comunicação eficaz e unificada. No início do ano, o governo mantinha índices de aprovação próximos à reprovação, mas a crise previdenciária ameaça alterar esses números, influenciando o cálculo político dos caciques do centrão.
Esse contexto aponta para uma agenda política complexa, em que a gestão da comunicação pública, o manejo das investigações parlamentares e a resposta a crises sociais definem o ritmo e as possibilidades do governo para os próximos anos.
Fonte: (CNN Brasil – Política)