
Brasília — InkDesign News — A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou nesta sexta-feira (16) que a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode comprometer o sucesso das investigações policiais em andamento. A declaração ocorre em meio a debates intensos sobre o impacto político e operacional da CPMI no cenário governamental e legislativo.
Contexto político
A proposta de criação da CPMI do INSS tem origem na oposição, que atribui ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a responsabilidade pelos descontos ilícitos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Entretanto, senadores petistas e aliados do governo argumentam que as fraudes começaram durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que gera divergências no interior da base governista. O Palácio do Planalto permanece resistente à instalação do colegiado, temendo que a investigação parlamentar possa interferir nas apurações policiais em andamento e atrasar a restituição às vítimas.
Reações e debates
A ministra Gleisi Hoffmann publicou no X (antigo Twitter) que a CPMI, em meio ao que chamou de “ambiente de exploração política”, pode prejudicar as investigações policiais, que devem permanecer protegidas de interferências externas e vazamento de informações. Ela acrescentou que “a prioridade do governo é punir os responsáveis pela fraude e ressarcir as pessoas lesadas”, ressaltando preocupações sobre possíveis atrasos no calendário de ressarcimento devido à duração prevista de seis meses para o colegiado.
“Uma CPMI, no ambiente de exploração política em que está sendo proposta, pode comprometer o sucesso da investigação policial, que deve permanecer protegida de interferências externas e do vazamento de informações”
— Gleisi Hoffmann, Ministra das Relações Institucionais
No encontro realizado na sexta-feira, o presidente Lula reuniu ministros e líderes partidários para discutir o apoio do governo à CPMI. Participaram da reunião, além de Gleisi, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social, Rui Costa (PT-BA), da Casa Civil, e Wolney Queiroz, ministro da Previdência. Paralelamente, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) confirmou assinatura para instalar o colegiado, posição apoiada pelo líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (MG).
“Este governo já suspendeu os descontos, acabando com o roubo aos aposentados, demonstrou que levará as investigações até as últimas consequências e trabalha para ressarcir as vítimas o mais rápido possível”
— Gleisi Hoffmann, Ministra das Relações Institucionais
Desdobramentos e desafios
O debate sobre a CPMI sinaliza um ponto de tensão importante na articulação política da base governista. A possibilidade de interferência na investigação policial preocupa o governo, que busca garantir eficiência e sigilo durante as apurações. Do ponto de vista legislativo, a criação da CPMI dependerá do alinhamento das lideranças e da coordenação com o Planalto, cujo papel será decisivo para definir o futuro do colegiado. Societalmente, a expectativa é que a correcta apuração e o ressarcimento possam assegurar justiça às vítimas dos descontos ilegais nos benefícios previdenciários.
A definição dos próximos passos legislativos deverá equilibrar a busca por transparência com a necessidade de preservar a integridade das investigações em curso, bem como viabilizar o cumprimento dos prazos para compensação dos lesados.
Fonte: (CNN Brasil – Política)