
Contexto político
O caso refere-se à condenação da deputada Carla Zambelli pela invasão cibernética ao CNJ, com base no voto do ministro Luiz Fux, que encerrou o julgamento iniciado na Primeira Turma do STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) atribuiu à parlamentar o comando e auxílio no planejamento do ataque, fato que Zambelli nega, afirmando que sua participação seria apenas “uma brincadeira sem graça”. O hacker Walter Delgatti, réu confesso, colaborou na acusação. Em paralelo, a defesa da deputada, representada pelo advogado Daniel Bialsky, prepara embargos de declaração para contestar pontos da sentença, embora reconheça que o recurso não alterará a condenação, mas poderá postergar o trânsito em julgado.
Reações e debates
A deputada Carla Zambelli manifestou-se em coletiva em São Paulo, alegando que sua condição médica — síndrome de Ehlers-Danlos e síndrome hipercinética postural ortostática — e o uso de medicamentos para depressão a impedem de cumprir prisão em regime fechado. Ela afirmou:
“Eu estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia. Então, a gente deve apresentar isso em momento oportuno.”
— Carla Zambelli, deputada federal
No mesmo evento, revelou que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), teria sinalizado positivamente ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante, para pautar a suspensão da ação penal. A defesa contestou o formato virtual do julgamento que, segundo Bialsky, teria prejudicado o acompanhamento por todos os ministros, especialmente no caso do voto do relator, Alexandre de Moraes, que citou uma “ligação umbilical” entre Zambelli e o hacker Walter Delgatti com “objetivos antirrepublicanos”.
Desdobramentos e desafios
A condenação implica a perda automática do mandato de Zambelli, cabendo à Mesa Diretora da Câmara formalizar a decisão após o trânsito em julgado. A possível prisão da deputada dependerá da autorização da Casa Legislativa. Na esfera política, Zambelli não recebeu apoio oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro, embora tenha reconhecido manifestações de solidariedade de membros da família Bolsonaro, como Michelle, Flávio e Eduardo Bolsonaro, que expressaram apoio público. A parlamentar fez ainda um convite inusitado para a comunidade política e jornalística: analisar o voto do ministro Alexandre de Moraes usando inteligência artificial para identificar possíveis incongruências no julgamento.
Este episódio aponta para um cenário de tensões institucionais e desafios jurídicos no Brasil, especialmente quanto à condução e tramitação de processos envolvendo figuras políticas. A articulação parlamentar em torno da suspensão da ação penal pode indicar estratégias de resguardo político dentro do Legislativo, enquanto o caso mantém debates sobre saúde, legalidade e execução penal em contextos delicados.
Fonte: (CNN Brasil – Política)