
Brasília — InkDesign News — O Ministério da Saúde confirmou, na última sexta-feira, que há pelo menos 102 notificações de suspeita de contaminações por metanol em bebidas alcoólicas, com 11 casos já confirmados. A adulteração por metanol é uma preocupação crescente, uma vez que a substância pode ser difícil de detectar sem testes laboratoriais apropriados.
Contexto e objetivos
O problema de saúde pública associado ao metanol se intensifica, especialmente em contextos de consumo de bebidas alcoólicas clandestinas. A meta de iniciativas de detecção é garantir a segurança do consumidor, atingindo indivíduos e eventos onde bebidas alcoólicas são consumidas, como casamentos e festas. O público-alvo é amplo, incluindo consumidores, organizadores de eventos e produtores de bebidas.
Metodologia e resultados
Dentre as estratégias de detecção, destaca-se o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que realiza exames gratuitos para a população. “Colocamos o líquido em um tubo. A análise é muito rápida. A gente consegue analisar uma amostra a cada cinco minutos”, afirma o professor Kahlil Salome, vice-coordenador do laboratório.
(“We place the liquid in a tube. The analysis is very quick. We can analyze a sample every five minutes.”)— Kahlil Salome, Professor de Química, UFPR
O método requer apenas 0,5 mililitro da bebida e fornece um gráfico que indica a presença de metanol. Além disso, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveu um método patenteado que, ao adicionar um tipo de sal à bebida, transforma o metanol em formol, permitindo uma análise visual em cerca de 15 minutos. Outra inovação surgiu da Universidade de Brasília (UnB), onde uma startup criada por alunos oferece kits para detecção de metanol.
Implicações para a saúde pública
A detecção de metanol nas bebidas alcoólicas é crucial, já que a ingestão de 30 ml pode ser fatal. “Isso que está acontecendo agora no Brasil já aconteceu na Europa e foi registrado no documentário ‘Metanol, o líquido da morte’”, alerta o químico Arilson Onésio Ferreira. A crescente demanda por testes reflete a preocupação da população; atualmente, há 200 empresas na fila esperando pelos serviços de detecção, desde organizadores de eventos até produtores de bebidas.
As iniciativas das universidades federais representam um esforço para promover a segurança alimentar, e o professor Salome ressalta que “nunca pode ocorrer um falso negativo” nos testes realizados. Estas ações não apenas respondem a uma crise, mas também reestabelecem a conexão da população com a universidade pública, buscando mitigar o estigma que muitas vezes recai sobre essas instituições.
Recomenda-se que indivíduos que desconfiem da origem das bebidas procurem laboratórios que realizam a detecção de metanol, não apenas para proteger a si mesmos, mas também para contribuir com um consumidor mais consciente e seguro.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)