
Brasília — InkDesign News —
Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revela a necessidade urgente de melhorias na qualidade das refeições servidas nas escolas, apontando para a relação entre a nutrição e o desempenho acadêmico das crianças. Apesar de quase metade das crianças no mundo ter acesso à alimentação escolar, a falta de atenção ao valor nutricional é um problema persistente.
Contexto educacional
O relatório menciona que, desde 1990, a obesidade infantil mais do que dobrou, ao mesmo tempo em que a insegurança alimentar global tem crescido. A Unesco aponta que a nutrição adequada nas escolas não é apenas fundamental para a saúde, mas também para a educação eficaz. A publicação “Educação e nutrição: aprender a comer bem” destaca que em 2022, quase um terço das refeições escolares foi elaborado sem a supervisão de nutricionistas, evidenciando uma lacuna significativa na atenção a este aspecto.
Políticas e iniciativas
Um exemplo positivo destacado é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Brasil, que passou a restringir o uso de produtos ultraprocessados nas escolas. A Unesco salienta que, embora a legislação já limite esses produtos, o planejamento e a fiscalização precisam ser aprimorados. A organização sugere que governos priorizem alimentos frescos e locais, reduzindo a dependência de produtos menos saudáveis. “A legislação brasileira já não permite a incidência alta de alimentos ultraprocessados na alimentação escolar, então acredito que é preciso ter mais fiscalização”, afirma Lorena Carvalho, oficial de projetos do setor de educação da Unesco no Brasil.
Desafios e perspectivas
Os desafios enfrentados incluem a necessidade de um maior monitoramento do poder público e a inclusão de educação alimentar no currículo escolar. O relatório também ressalta que, em muitos países, a venda de produtos alimentícios em cantinas escolares permanece desregulamentada, comprometendo as iniciativas de nutrição. A Unesco prevê que, até 2025, serão lançados recursos práticos e programas de formação para gestores públicos e educadores, visando melhorar essa situação.
A Unesco entende que a maior oferta de alimentos in natura pode passar por maior valorização da agricultura familiar e da cultura local. É uma questão de identidade regional, de valorização do pequeno agricultor, de manter o recurso na comunidade e fazer a economia circular na região. Tudo isso com base em uma alimentação saudável.
(“The Unesco understands that greater availability of in natura foods may involve greater appreciation of family farming and local culture. It is a matter of regional identity, valuing small farmers, keeping resources within the community, and creating a circular economy in the region. All this based on healthy eating.”)— Lorena Carvalho, Oficial de Projetos, Unesco
Com iniciativas bem-sucedidas em países como China e Nigéria, a Unesco reconhece que a implementação de práticas alimentares adequadas pode aumentar a matrícula escolar e melhorar a saúde das crianças. “Alimentação escolar é um investimento”, conclui Carvalho.
Os próximos passos incluem a intensificação na regulação de alimentos servidos nas escolas e a promoção de uma educação alimentar efetiva, com investimentos em estudos sobre nutrição e parcerias locais.
Fonte: Agência Brasil – Educação