Washington, D.C. — InkDesign News — No dinâmico cenário da cultura tech & geek, a sobrevivência operacional do TikTok nos Estados Unidos foi consolidada através de um complexo arranjo corporativo. O acordo, que visa mitigar preocupações de segurança nacional, transfere o controle majoritário da plataforma para um consórcio de investidores americanos, redefinindo as fronteiras entre redes sociais e soberania digital.
Contexto e lançamento
Após anos de disputas judiciais e pressões legislativas que atravessaram duas administrações presidenciais, a ByteDance, controladora chinesa do TikTok, firmou acordos vinculantes para a criação de uma nova entidade denominada TikTok USDS Joint Venture LLC. A transição, detalhada em um memorando interno enviado pelo CEO Shou Zi Chew, está prevista para ser concluída em 22 de janeiro. Este movimento estratégico ocorre em resposta direta à legislação de 2024, que exigia a alienação das operações norte-americanas da empresa sob o risco de banimento total em território estadunidense.
O histórico do embate remonta a 2020, quando o então presidente Donald Trump assinou a primeira ordem executiva demandando a venda da operação. Recentemente, a Suprema Corte dos Estados Unidos ratificou a constitucionalidade da medida, fundamentando que:
uma venda do TikTok era necessária para tratar de preocupações de segurança nacional relacionadas às suas práticas de coleta de dados e laços com a China
(“a sale of TikTok was necessary to address national security concerns related to its data collection practices and ties to China”)— Suprema Corte dos Estados Unidos, Decisão Judicial
Design e especificações
A arquitetura societária da nova joint venture divide a propriedade entre gigantes da tecnologia e fundos de investimento globais. Oracle, Silver Lake e o grupo MGX, sediado em Abu Dhabi, deterão, cada um, 15% de participação. Cerca de 30% pertencerão a afiliados de investidores atuais da ByteDance, enquanto a matriz chinesa reterá aproximadamente 20%. Os 5% remanescentes serão distribuídos entre novos investidores minoritários.
Além da reestruturação acionária, o design operacional do TikTok passará por mudanças técnicas profundas. A Oracle assumirá o papel de “parceiro de segurança confiável”, encarregada de auditar e validar a conformidade com os termos de segurança nacional. O núcleo tecnológico, especificamente o algoritmo de recomendação, passará por um processo de readequação técnica conforme indicado pela liderança da empresa:
para garantir que o feed de conteúdo esteja livre de manipulação externa
(“to ensure the content feed is free from outside manipulation”)— Shou Zi Chew, CEO, TikTok
Repercussão e aplicações
A consolidação do negócio coloca Larry Ellison, cofundador da Oracle e aliado de Donald Trump, em uma posição de influência direta sobre a moderação de conteúdo e os sistemas de recomendação da plataforma. Ellison, atualmente a sexta pessoa mais rica do mundo, vê sua esfera de influência expandir-se para a mídia digital, enquanto seu filho, David Ellison, avança em negociações para adquirir a Warner Bros. Discovery após assumir a Paramount.
A repercussão no mercado de Cultura Tech sugere que a mudança pode alterar significativamente a experiência do usuário e a percepção política da plataforma. Em instâncias anteriores, figuras legislativas como o então senador Mitt Romney associaram a urgência do banimento à disseminação de conteúdos específicos, como as pautas pró-Palestina. Agora, sob nova gestão e supervisão técnica rigorosa, o TikTok busca se distanciar das controvérsias geopolíticas para se firmar como um pilar estável na infraestrutura digital americana.
O futuro da plataforma agora depende da eficácia dessa nova estrutura em equilibrar os interesses de lucro dos investidores com as rigorosas exigências de segurança do governo dos EUA. A expectativa é que, com a governança centralizada em solo americano, a rede social inicie uma nova fase de expansão comercial e integração com outros serviços de tecnologia e mídia.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)





