
Washington, DC — InkDesign News — A ascensão de plataformas digitais tem transformado a forma como profissionais do direito e especialistas em políticas públicas dialogam com o público, como é o caso de Liz Oyer, ex-advogada do Departamento de Justiça dos EUA, que vem utilizando o TikTok para explicar questões complexas sobre corrupção e decisões controversas no governo Trump.
Contexto e lançamento
Liz Oyer foi demitida em março após se recusar a recomendar a restituição dos direitos de posse de armas ao ator Mel Gibson, condenado por violência doméstica. Seu papel no escritório responsável por perdões no Departamento de Justiça tornou-a uma peça fundamental no processo de clemência, que historicamente contemplava indivíduos que cumpriam suas penas e demonstravam reabilitação.
Oyer agora utiliza o TikTok e o Instagram para compartilhar informações sobre os padrões atípicos dos perdões concedidos pela administração Trump, que frequentemente beneficiam doadores ricos e aliados políticos, muitas vezes antes mesmo do término das sentenças legais.
Design e especificações
Descrita por ela mesma como “uma neófita nas redes sociais”, Oyer recebeu apoio familiar para ingressar no TikTok. Após um tutorial de 90 minutos sobre a plataforma, ela começou a criar vídeos explicativos, abordando temas jurídicos como a questão da restituição financeira que, segundo ela, é eliminada nos perdões concedidos.
Um dos vídeos mais populares trata do perdão concedido a Trevor Milton, fundador da empresa de veículos elétricos Nikola, cujo caso envolvia uma cobrança de restituição de US$ 675 milhões por fraude contra investidores. Milton havia doado US$ 1,8 milhão para a campanha presidencial de Trump e contratou um advogado ligado diretamente à família do então Procurador-Geral.
Repercussão e aplicações
“Meu objetivo principal como advogado de perdões era tornar o processo acessível para pessoas injustiçadas pelo sistema de justiça criminal, possibilitando clemência àqueles que enfrentaram sentenças excessivamente duras.”
(“My primary goal as pardon attorney was to really make the clemency process accessible to people who had been treated unfairly by the criminal justice system and to make the possibility of clemency a reality for those people who had faced sentences that were overly harsh.”)— Liz Oyer, ex-advogada do Departamento de Justiça dos EUA
Entre os casos citados por Oyer, estão Paul Walczak, acusado de desviar salários de funcionários, e Michele Fiore, que utilizou recursos arrecadados para fins pessoais. Essas histórias evidenciam um padrão de favorecimento e práticas que o sistema tradicional de perdões não costuma permitir.
“Os critérios para recomendação de perdões indicam que o indivíduo deve ter cumprido a pena e demonstrado boa conduta durante pelo menos cinco anos, o que está ausente em todos os perdões concedidos por Trump até o momento.”
(“The Justice Department has a whole set of guidelines that lay out the criteria for recommending pardons, and they say that someone should not even be considered for a pardon until they have completed their sentence and at least five years have passed since they finished serving their sentence.”)— Liz Oyer, ex-advogada do Departamento de Justiça dos EUA
Apesar de ameaças e intimidações, Oyer continua engajada na produção de conteúdo, usando sua expertise para desmistificar os complexos processos legais que envolvem os perdões presidenciais e alertar sobre os efeitos práticos da corrupção institucionalizada.
A atuação de Oyer destaca uma tendência crescente na qual profissionais jurídicos recorrem a mídias digitais para dialogar diretamente com a sociedade, oferecendo análises detalhadas e acessíveis sobre temas que impactam a democracia e o estado de direito.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)