Tecnologia revela falha anelar que ativa sismos em Campi Flegrei

Nápoles — InkDesign News — Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford revelou estruturas geológicas inéditas no supervulcão Campi Flegrei, próximo a Nápoles, na Itália, através do uso de inteligência artificial (IA). A pesquisa aponta, pela primeira vez, um “anel de falha” bem definido que pode desencadear terremotos de magnitude 5, ressaltando riscos nunca antes detalhados na região.
O Contexto da Pesquisa
Campi Flegrei, ao longo dos últimos 40 mil anos, foi palco de duas das maiores erupções históricas da Europa. A área, densamente povoada, é monitorada desde a década de 1950, com intensificação após o surto sísmico de 16 mil eventos que resultou na evacuação de 40 mil pessoas nos anos 1980. Recentemente, sinais de inquietação sísmica aumentaram, com centenas de pequenos terremotos ocorrendo, parte dos quais passavam despercebidos pelos métodos tradicionais.
“Há muito tempo sabemos que este é um local de risco.”
(“We’ve known that this is a risky place for a long time.”)— William Ellsworth, Professor Emérito de Geofísica, Universidade de Stanford
Resultados e Metodologia
Para investigar a ameaça contemporânea de Campi Flegrei, uma equipe internacional desenvolveu uma ferramenta de IA capaz de identificar terremotos não detectados anteriormente pelos sismogramas tradicionais, que dependem da análise visual das oscilações sísmicas.
“Em nossa abordagem, treinamos um modelo de aprendizado de máquina para identificar fases sísmicas. Ele aprende com milhões de exemplos já avaliados por especialistas e é projetado para aprimorar sua precisão ao longo do tempo.”
(“In our approach, we train a machine learning model to pick phases. We base it on the collection of millions of examples where experts have done this already, and our method is designed to learn how to do this more effectively.”)— Gregory Beroza, Professor de Geofísica, Universidade de Stanford
Entre 2022 e meados de 2025, três quartos dos terremotos ocorreram sem registro pelas técnicas usuais — enquanto métodos tradicionais documentaram 12 mil eventos, a IA identificou cerca de 54 mil. O mapeamento revelou novas falhas geológicas, especialmente duas correndo paralelamente sob a cidade de Pozzuoli, local de eventos sísmicos prévios.
Implicações e Próximos Passos
O avanço possibilitou a identificação de um “anel de falha” que circunda uma área atualmente em elevação, onde o solo se eleva quatro centímetros por ano — fenômeno semelhante ao observado antes da crise sísmica dos anos 1980. Essa estrutura pode ajudar a prever alterações no sistema vulcânico e apontar riscos de terremotos de maior magnitude.
“Toda a sismicidade analisada de 2022 até meados de 2025 é superficial, em profundidades acima de 4 quilômetros, e não indica migração de magma em direção à superfície.”
(“All the analyzed seismicity from 2022 to mid-2025 is shallow, at depths above 4 kilometers (2.5 miles) and does not indicate any migration of magma towards the surface.”)— Gregory Beroza, Professor de Geofísica, Universidade de Stanford
Os achados sugerem que a ferramenta de IA poderá beneficiar outras regiões vulcânicas ativas, como Santorini, auxiliando na compreensão dos riscos geológicos e sísmicos em áreas densamente habitadas.
O estudo marca um avanço no monitoramento de zonas de risco geológico, indicando caminhos para sistemas de alerta mais precisos e adaptações metodológicas em escala global. Pesquisadores devem expandir o uso da IA para analisar outros sistemas vulcânicos e sísmicos, visando melhorar ainda mais a prevenção de desastres naturais e o planejamento urbano seguro em regiões ameaçadas.
Fonte: (Live Science – Ciência)