
Waterloo, Canadá — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade de Waterloo demonstraram que exames rotineiros de sangue realizados diariamente em hospitais podem prever a gravidade de lesões e até mesmo fornecer indícios da mortalidade após danos na medula espinhal, de acordo com estudo recém-publicado na NPJ Digital Medicine da Nature.
O Contexto da Pesquisa
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 20 milhões de pessoas ao redor do mundo vivem com lesão medular – e aproximadamente 930 mil novos casos são registrados a cada ano, tornando essa uma questão relevante de saúde global. A variabilidade dos sintomas e das vias de recuperação torna o diagnóstico e prognóstico especialmente desafiadores nos ambientes emergenciais e de terapia intensiva.
Até então, exames neurológicos realizados logo nos primeiros dias após a internação eram o principal parâmetro avaliativo, ainda que tenham sua precisão reduzida por dependerem da responsividade do paciente. O acesso a métodos mais sofisticados, como ressonância magnética ou biomarcadores complexos, nem sempre é possível, especialmente em sistemas de saúde com recursos limitados.
Resultados e Metodologia
O grupo comandado pelo professor Abel Torres Espín, da School of Public Health Sciences, analisou amostras e dados hospitalares de mais de 2.600 pacientes nos Estados Unidos, empregando técnicas avançadas de análise de dados e aprendizado de máquina. Foram avaliados milhões de pontos de dados de exames rotineiros, com foco em marcadores como eletrólitos e células imunológicas coletados nas três primeiras semanas após o trauma.
“Routine blood tests could offer doctors important and affordable information to help predict risk of death, the presence of an injury and how severe it might be.”
(“Exames de sangue rotineiros podem oferecer aos médicos informações importantes e acessíveis para prever o risco de morte, a presença de uma lesão e seu grau de gravidade.”)— Dr. Abel Torres Espín, Professor, Universidade de Waterloo
Os modelos criados, que independem da avaliação neurológica precoce, mostraram acurácia elevada para prever mortalidade e gravidade da lesão já entre um e três dias após a admissão hospitalar. Os pesquisadores observaram que a precisão desses modelos aumentava na medida em que exames adicionais eram incorporados ao longo do tempo de internação.
“While a single biomarker measured at a single time point can have predictive power, the broader story lies in multiple biomarkers and the changes they show over time.”
(“Embora um único biomarcador medido em um único momento possa ter poder preditivo, o cenário mais amplo está em múltiplos biomarcadores e nas alterações que eles demonstram ao longo do tempo.”)— Dra. Marzieh Mussavi Rizi, Pesquisadora de pós-doutorado, Universidade de Waterloo
Implicações e Próximos Passos
A pesquisa ressalta a relevância clínica da predição precoce do tipo e severidade de lesão, favorecendo decisões terapêuticas mais embasadas e alocação de recursos em ambientes críticos de saúde. Como exames sanguíneos são acessíveis, econômicos e padronizados globalmente, tornam-se uma alternativa estratégica para contextos onde outras ferramentas diagnósticas não estão disponíveis.
Os autores avaliam que futuros trabalhos devem expandir a abordagem para diferentes tipos de traumas físicos, bem como incorporar análises automatizadas aos fluxos de trabalho hospitalares.
À medida que pesquisas subsequentes validarem e refinarem os modelos preditivos, cresce o potencial de sua adoção clínica, transformando práticas em emergências e UTIs e ampliando o acesso a prognósticos precisos em todo o sistema de saúde.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)