
Sydney — InkDesign News — Uma equipe da startup australiana Diraq, em parceria com o instituto europeu Interuniversity Microelectronics Centre (imec), conquistou um marco relevante no campo da computação quântica: chips de silício mantiveram fidelidade acima de 99% em testes industriais, índice essencial para viabilizar computadores quânticos comerciais, de acordo com publicação na Nature em 24 de setembro de 2025.
O Contexto da Pesquisa
Atualmente, alcançar alta fidelidade na manipulação de qubits — as unidades fundamentais de informação em computadores quânticos — é um desafio central para a área. Embora laboratórios acadêmicos já tenham demonstrado índices de precisão elevados, a dúvida permanecia sobre a possibilidade de replicar esses resultados em fábricas convencionais usando processos industriais amplamente empregados pela indústria de semicondutores.
Resultados e Metodologia
Os pesquisadores da UNSW Sydney e do imec fabricaram os processadores em ambientes de produção real, utilizando técnicas comuns na indústria de microchips. Pela primeira vez, qubits de silício mostraram desempenho comparável ao obtido em condições laboratoriais, confirmando a viabilidade de larga escala para produção de chips quânticos.
“Agora está claro que os chips da Diraq são totalmente compatíveis com processos de fabricação que existem há décadas.”
(“Now it’s clear that Diraq’s chips are fully compatible with manufacturing processes that have been around for decades.”)— Andrew Dzurak, Professor e CEO da Diraq, UNSW Engineering
O artigo relata que os dispositivos, projetados pela Diraq e fabricados no imec, atingiram fidelidade superior a 99% em operações envolvendo dois qubits. Esse desempenho atende à métrica de tolerância a falhas da Quantum Benchmarking Initiative, programa da DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) dos Estados Unidos.
Implicações e Próximos Passos
Computadores quânticos de escala utilitária, capazes de resolver problemas inalcançáveis mesmo pelos supercomputadores atuais, demandam milhões de qubits operando de forma estável e com pouquíssimos erros. O êxito da Diraq com processos CMOS sugere um caminho economicamente viável e compatível com a infraestrutura já consolidada da indústria de silício.
“Nossa nova descoberta demonstra que os qubits de silício da Diraq podem ser fabricados por processos amplamente usados em fundições de semicondutores, atingindo o limiar de tolerância a falhas de modo custo-efetivo e compatível com a indústria.”
(“Our new findings demonstrate that Diraq’s silicon qubits can be fabricated using processes that are widely used in semiconductor foundries, meeting the threshold for fault tolerance in a way that is cost-effective and industry-compatible.”)— Andrew Dzurak, Professor e CEO da Diraq, UNSW Engineering
Especialistas avaliam que a pesquisa aproxima a materialização de processadores quânticos escaláveis, permitindo explorar aplicações em criptografia, simulação de materiais e otimizações além do alcance da computação convencional.
As descobertas abrem caminho para o desenvolvimento de computadores quânticos totalmente tolerantes a falhas, reforçando o silício como principal candidato à base dessas máquinas. Avanços adicionais exigirão escalonamento do número de qubits integrados, sem sacrificar a precisão. O campo mantém expectativa elevada para novas provas de viabilidade em escala industrial nos próximos anos, com potencial de transformar setores estratégicos e ampliar a fronteira da ciência computacional.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)