
Brasília — InkDesign News — O general Júlio Cesar de Arruda depôs no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (22) sobre sua decisão de não permitir a ação da Polícia Militar do Distrito Federal durante os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes.
Contexto jurídico
O depoimento de Arruda ocorreu em uma audiência relacionada à ação penal que investiga os responsáveis por tentar manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. O general, que à época era o comandante do Exército, foi chamado como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, envolvido na trama golpista e delator do caso.
A audiência se insere no contexto de uma investigação mais ampla sobre um possível golpe de Estado, com a Primeira Turma do STF ouvindo um total de 82 testemunhas, tanto de acusação quanto de defesa, na expectativa de levar a cabo a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Argumentos e precedentes
Arruda foi questionado sobre sua decisão de impedir a entrada da PM no Quartel General do Exército, alegando que desejava uma abordagem “coordenada” para as prisões dos manifestantes. Ele afirmou: “Não, isso tem que ser coordenado”
(“No, this has to be coordinated”).
“Graças a deus não houve alguma morte, porque do jeito que estava ali”, concluiu o general.
(“Thank God there were no deaths, because the way it was there.”)— Júlio Cesar de Arruda, General
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, confrontou Arruda com o depoimento do coronel Fábio Augusto Vieira, que alegou ter sido impedido de cumprir a ordem judicial. Arruda respondeu que estava focado em manter a calma e que a situação era “nervosa”, reiterando sua intenção de realizar as prisões de forma ordenada.
Impactos e desdobramentos
A decisão de Arruda de barrar a entrada da PM resultou na prisão de mais de 1.400 pessoas no dia seguinte, refletindo a complexidade das dinâmicas de segurança pública e a responsabilidade dos líderes militares em situações de crise. O episódio culminou em sua demissão pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentando as discussões sobre o papel das Forças Armadas na política brasileira.
Embora o STF continue a ouvir testemunhas, as repercussões deste caso ainda estão se desenrolando, com chamadas para reformas nas forças de segurança e um debate contínuo sobre a militarização das respostas a crises políticas.
Em resumo, o caso ilustra a intersecção entre segurança nacional e política, levantando questões críticas sobre a integridade do Estado democrático e a responsabilidade de seus líderes.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)