
Brasília — InkDesign News — O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, anunciou nesta quinta-feira (2) que o julgamento sobre a validade do vínculo de emprego entre motoristas e aplicativos será retomado em 30 dias, após sustentações orais das partes envolvidas.
Contexto jurídico
O STF analisa duas ações que contestam decisões anteriores da Justiça do Trabalho, que reconhecem o vínculo empregatício entre motoristas e as plataformas de transporte Rappi e Uber. As demandas chegaram ao tribunal por meio de recursos apresentados pelas empresas, que alegam que não mantêm relações de emprego com os motoristas e entregadores, mas sim atuam como intermediárias digitais.
Argumentos e precedentes
Durante as sustentações, o representante da Rappi reafirmou que a empresa se configura como uma “plataforma digital” que promove a “união digital” entre prestadores e usuários de serviço. Em contrapartida, a Uber defendeu que opera como uma empresa de tecnologia, minimizando suas responsabilidades ao afirmar que os motoristas são autônomos, sendo esses últimos os agentes responsáveis pela realização das corridas. “O reconhecimento do vínculo poderia reduzir o ganho dos motoristas”, argumentou a empresa.
“Os ministros deste tribunal entenderam por bem, até para examinar tudo que já foi aportado nas sustentações, um intervalo entre esta data e a retomada do julgamento de aproximadamente 30 dias.”
(“The ministers of this court decided to allow a period, to examine everything presented during the arguments, an interval of about 30 days until the case is resumed.”)— Edson Fachin, Ministro do STF
A Associação dos Trabalhadores por Aplicativo Motociclistas do Distrito Federal e Entorno (Atam-DF) argumentou que a natureza do trabalho é precarizada, alertando contra a criação de uma “casta” de trabalhadores sem direitos. O advogado-geral da União, Jorge Messias, enfatizou que é fundamental garantir os direitos básicos para todos os trabalhadores no cenário atual.
Impactos e desdobramentos
A decisão do STF terá implicações diretas em aproximadamente 10 mil processos aguardando posicionamento em diversas instâncias jurídicas no Brasil. O reconhecimento do vínculo empregatício poderia não apenas assegurar direitos trabalhistas, mas também influenciar o modelo de negócios das plataformas digitais. Especialistas apontam que uma decisão favorável aos motoristas poderia impulsionar debates sobre regulamentações desse tipo de trabalho na era digital, promovendo uma abordagem mais equitativa na relação entre tecnologia e empregabilidade.
Diante disso, fica evidenciada a necessidade de um marco regulatório que assegure direitos tanto para as plataformas quanto para os trabalhadores que nelas atuam, visando proteger os cidadãos em um campo profissional cada vez mais dinâmico.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)