
Brasília — InkDesign News — No próximo episódio do programa “Dando a Real com Demori”, o escritor Bruno Paes Manso abordará o crime organizado e a ascensão das milícias no Brasil, em uma conversa marcada para às 23h desta terça-feira (5) na TV Brasil.
Contexto jurídico
Bruno Paes Manso, autor de obras relevantes sobre segurança pública, ressalta que as milícias emergiram como resultado da confluência entre a polícia e atividades de contravenção. O fenômeno, conforme afirma, é uma resposta às demandas dos territórios, que buscam se defender da invasão do tráfico de drogas. “Elas se tornaram uma forma de autodefesa dos territórios para evitar que os traficantes avançassem sobre a zona oeste do Rio de Janeiro”, explica Manso. Esse contexto evidencia a falta de um marco legal eficaz que regule as atividades de segurança e sua relação com o crime.
Argumentos e precedentes
Durante a entrevista, Manso argumenta que as conexões entre milícias e jogos de azar estão mais próximas, uma vez que “eles perceberam que a diplomacia gera muito mais dinheiro do que o conflito. Isso é algo recente, há 15 anos, não existia”. Essa mudança de paradigma reflete uma adaptação do crime organizado em resposta às novas dinâmicas sociais e econômicas. Ele também menciona o Primeiro Comando da Capital (PCC) como um exemplo de estruturação e fortalecimento através de um discurso de classe dentro das prisões, enfatizando o adversário comum: a polícia.
“Os limites fiscais dos governos sempre impuseram o envio do mínimo possível às prisões. Isso induz a autogestão e fortalece os chefes das facções”
(“The fiscal limits of governments have always imposed the minimum possible in prisons. This leads to self-management and strengthens the heads of factions.”)— Bruno Paes Manso, Escritor e Especialista em Segurança Pública
Impactos e desdobramentos
A crítica de Manso ao sistema penitenciário brasileiro é severa. Ele argumenta que a falta de investimento nas prisões resultou na criação de um ambiente que favorece o domínio das facções criminosas, que acabam se configurando como “escritórios do crime, como uma espécie de faculdade”. Este quadro agrava os desafios legais e sociais enfrentados pelo país, levando à necessidade de discutir a guerra às drogas sob uma ótica de redução de danos. Manso destaca que a transformação tecnológica também alterou as dinâmicas do crime, onde ações como lavagem de dinheiro tornaram-se mais acessíveis e discretas.
As considerações de Manso trazem à tona a urgência de um debate firme sobre reformas no sistema penal e na abordagem do tráfico de drogas, sugerindo que as transformações tecnológicas e sociais exigem uma revisão crítica das políticas atuais.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)