
Observatório La Silla, Chile — InkDesign News —
Uma equipe internacional de astrônomos revelou, em estudo publicado em Nature Communications, que o asteroide 1998 KY26, próximo alvo da missão Hayabusa2, é muito menor e mais desafiador do que estimado. As medições, feitas a partir do Observatório Europeu do Sul, indicam tamanho inédito para operações interplanetárias da Agência Espacial Japonesa (JAXA).
O Contexto da Pesquisa
O Hayabusa2, lançado pela JAXA, obteve destaque mundial ao coletar e retornar amostras de asteroides como Ryugu em 2020, após feitos pioneiros iniciados com a missão Hayabusa em Itokawa em 2010. Buscando ampliar o conhecimento sobre asteroides de pequeno porte, a sonda foi enviada novamente ao espaço, desta vez para investigar 1998 KY26, cuja dimensão inicial era estimada em cerca de 30 metros.
Resultados e Metodologia
Com auxílio do Very Large Telescope (VLT) no Chile e de uma rede global de observatórios, pesquisadores revisaram as características do alvo. O novo estudo estimou que o asteroide possui apenas 11 metros de diâmetro, quase três vezes menor que o previsto inicialmente e próximo ao tamanho do próprio Hayabusa2. Além disso, notou-se que o corpo celeste completa uma rotação em apenas cinco minutos, dificultando ainda mais o pouso:
“Descobrimos que a realidade do objeto é completamente diferente do que era descrito anteriormente.”
(“We found that the reality of the object is completely different from what it was previously described as.”)— Toni Santana-Ros, Pesquisador, Universidade de Alicante
A superfície do KY26 ainda não é bem compreendida pelos cientistas. Os dados sugerem uma composição de rocha sólida, possivelmente fragmentada de outro corpo celeste, porém não está descartada a hipótese de um agregado de detritos unidos por gravidade.
Implicações e Próximos Passos
A análise e tentativa de coleta de amostras em um asteroide tão diminuto poderá oferecer informações inéditas sobre corpos pequenos do sistema solar. O estudo ressalta que a caracterização deste tipo de objeto é essencial para o desenvolvimento de futuras missões espaciais, mineração extraterrestre e monitoramento de ameaças próximas à Terra:
“O impressionante é que o tamanho do asteroide é comparável ao da nave que irá visitá-lo, e conseguimos caracterizar um objeto tão pequeno usando nossos telescópios, o que significa que podemos fazer o mesmo com outros corpos no futuro.”
(“The amazing story here is that we found that the size of the asteroid is comparable to the size of the spacecraft that is going to visit it, and we were able to characterise such a small object using our telescopes, which means that we can do it for other objects in the future.”)— Toni Santana-Ros, Pesquisador, Universidade de Alicante
À luz do evento de Chelyabinsk, em 2013, que envolveu um asteroide apenas um pouco maior que KY26 e liberou energia equivalente a trinta vezes a bomba de Hiroshima, os pesquisadores destacam a importância da tecnologia para prever e mitigar possíveis impactos.
O sucesso ou eventual colisão do Hayabusa2 com o minúsculo KY26 fornecerá dados relevantes para novos protocolos em missões a microasteroides, ampliando o entendimento científico e a preparação para ameaças espaciais.
Fonte: (Popular Science – Ciência)