Sindicato ligado a irmão de Lula envia carta ao Congresso sobre fraude no INSS

Brasília — InkDesign News — O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) por supostos descontos indevidos em benefícios do INSS, enviou uma carta a deputados e senadores em defesa contra as denúncias. A entidade, que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), arrecadou R$ 90 milhões em 2023 e está sendo apurada por desvios que podem chegar a R$ 6 bilhões.
Contexto político
O Sindnapi se encontra no centro de uma investigação envolvendo possíveis fraudes em aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Apesar da gravidade das acusações, que incluem um esquema bilionário de descontos indevidos, o sindicato não foi incluído no processo movido pela Advocacia-Geral da União (AGU) para bloqueio de bens e ressarcimento dos valores supostamente descontados irregularmente.
O sindicato ressalta que denunciou os descontos indevidos em 2017, durante o governo de Michel Temer (MDB), e novamente em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Em 2023, durante o governo Lula, o Sindnapi levou a questão ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), onde alertou sobre o crescimento de práticas irregulares por associações fraudulentas, embora, segundo a entidade, o problema tenha sido ignorado por anos até a adoção recente de medidas investigativas.
Reações e debates
Na carta enviada ao Congresso, o Sindicato defende-se das acusações e atribui o episódio a uma tentativa de ataques políticos devido à ligação com Frei Chico, irmão do presidente Lula:
“A única explicação seria o fato de o vice-presidente da entidade ser Frei Chico, irmão do presidente Lula, revelando um uso político da operação para atacar o governo e enfraquecer uma entidade combativa e respeitada.”
— Sindnapi
Além disto, o sindicato justifica o crescimento dos seus associados pela ampliação dos benefícios oferecidos a partir de 2019, incluindo serviços como seguro de vida, auxílio funeral e saúde preventiva, destacando que o crescimento mensal não ultrapassou 3%, mesmo durante a pandemia, quando mais idosos buscaram proteção para suas famílias.
O relatório da Polícia Federal detalha que o Sindnapi atuou sem cumprir requisitos para descontos em benefícios previdenciários, como a validação da biometria facial dos associados. Em resposta, o sindicato afirma contar com sistema tecnológico moderno, com biometria facial, assinatura digital e reconhecimento de firma, além de ter passado por auditoria independente que validou 97,14% dos cadastros:
“Os demais foram corrigidos.”
— Sindnapi
Desdobramentos e desafios
Enquanto a investigação avança, o caso expõe desafios sobre a gestão de associações que intermediam benefícios previdenciários e a necessidade de aprimorar mecanismos de fiscalização e controle. A ausência do Sindnapi no processo judicial movido pela AGU pode indicar a complexidade da apuração, que envolve múltiplos atores e entidades. O episódio traz ainda à tona um debate político, dada a proximidade da entidade com familiares do presidente Lula e o impacto potencial na popularidade do governo.
Os próximos passos incluem aprofundamento das investigações, possíveis medidas de ressarcimento e o fortalecimento de mecanismos técnicos para garantir a segurança dos benefícios previdenciários, incluindo a validação biométrica. O debate público espera ganhar contornos mais claros com as decisões judiciais e o posicionamento das autoridades federais envolvidas.
O desfecho deste caso poderá definir rumos para a política de combate a fraudes no INSS e influenciar a percepção política em um momento sensível para a gestão atual.
Fonte: (CNN Brasil – Política)