
São Paulo — InkDesign News — Em decisão unânime na noite de quarta-feira (7), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, atingindo 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos, em meio a esforços para conter a inflação e ajustar o cenário macroeconômico brasileiro.
Panorama econômico
A elevação da taxa básica de juros ocorre em um contexto global marcado por incertezas, entre elas a guerra tarifária que afeta o comércio internacional e as projeções de crescimento. Essas tensões impactam o Brasil com efeitos deflacionários, notadamente através da queda nos preços das commodities. A última vez que a Selic atingiu esse nível foi em julho de 2006, refletindo um ambiente desafiador para a política monetária brasileira.
Adicionalmente, eventos fiscais complexos pressionam o governo a buscar alternativas para controlar a inflação, enquanto o Comitê mantém a porta aberta para novas altas na taxa de juros, sinalizando prudência diante do cenário econômico incerto.
Indicadores e análises
O aumento de 0,50 ponto percentual da Selic, que agora está em 14,75% ao ano, é visto por entidades como a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) como um entrave para o investimento e a competitividade no setor produtivo.
Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, destaca:
“Esse contexto contribui para aprofundar a desaceleração da atividade econômica doméstica já em curso, e a adoção da elevação da Selic tende a intensificar ainda mais o enfraquecimento da economia, com impactos negativos sobre a geração de empregos e a renda das famílias.”
(“This context contributes to deepen the slowdown of domestic economic activity already underway, and the adoption of the Selic rate hike tends to further weaken the economy, with negative impacts on job creation and household income.”)— Flávio Roscoe, presidente da Fiemg
A Abrainc, Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, alerta para o efeito cascata da alta dos juros, apontando que “encarece o crédito, desestimula o consumo, reduz a competitividade do setor produtivo e contribui para o fechamento de empresas e postos de trabalho”, além de comprometer o acesso à moradia para milhares de famílias.
A CNI ressalta ainda que a alta da Selic, iniciada em setembro de 2024, será sentida mais fortemente no segundo semestre, destacando fatores internacionais como o aumento de tarifas de importação nos EUA, o enfraquecimento do dólar e a queda dos preços do petróleo, que já influenciam positivamente os custos de transporte no Brasil.
Impactos e previsões
As entidades do setor produtivo concordam que o aumento da taxa básica de juros traz limitações significativas ao crescimento econômico, com impactos diretos na geração de empregos, investimentos e renda. A alta dos encargos financeiros sobre a dívida pública também preocupa, pois amplia o déficit fiscal brasileiro.
A CNI propõe que, para além da política monetária, o controle rigoroso dos gastos públicos é fundamental para a estabilização econômica:
“A política monetária precisa ser auxiliada por uma política fiscal mais racional, em que a pressão por aumento dos gastos públicos seja contida a partir de um pacto nacional pelo equilíbrio fiscal. O BC deveria considerar o aumento dos depósitos compulsórios como medida adicional da política monetária.”
(“Monetary policy needs to be supported by a more rational fiscal policy, in which pressure for increased public spending is contained through a national pact for fiscal balance. The Central Bank should consider raising compulsory deposits as an additional monetary policy measure.”)— Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Com a inflação sob controle parcial, as próximas decisões monetárias do Banco Central dependerão do ajuste fiscal do governo e da evolução dos indicadores econômicos nacionais e internacionais, frente a um cenário global ainda marcado por volatilidade.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)