
Brasília — InkDesign News — O ex-coordenador de Análise de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, declarou nesta segunda-feira (19) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ordens para que a PRF “tomasse um lado” nas eleições presidenciais de 2022 foram dadas. A audiência integra o julgamento do núcleo 1 do processo que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após o pleito.
Contexto político
O processo que apura indícios de tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022 tramita no STF e envolve diversos agentes públicos e setores do Estado. As investigações ganharam novo impulso com a apresentação de denúncias pela Procuradoria-Geral da República, que incluiu, entre os elementos do suposto plano, blitze da Polícia Rodoviária Federal realizadas no segundo turno da eleição. O ex-coordenador de Inteligência da PRF, Adiel Pereira Alcântara, relatou que, em 20 de outubro de 2022, recebeu um convite para participar de reunião onde o então diretor de Operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, solicitou monitoramento de ônibus com destino ao Nordeste, região onde o candidato Lula (PT) obteve vitória em todos os estados.
Segundo Adiel, Moura destacou para o grupo que “tem coisas que são e que parecem ser, e que era hora da PRF tomar lado, disse que era uma orientação do diretor-geral (Silvinei Vasques). Como não era ordem pra mim, eu me calei e a reunião seguiu”.
Reações e debates
A fala de Adiel abre espaço para discussões sobre a atuação institucional da PRF no período eleitoral e o papel que órgãos de segurança pública desempenharam ou foram orientados a desempenhar diante do delicado contexto político. A defesa dos investigados, junto ao STF, já foi alvo de repreensão do ministro Alexandre de Moraes, que destacou a necessidade de manter o decoro e a seriedade no julgamento. Além disso, especialistas em direito eleitoral e constitucional ressaltam os riscos à integridade democrática que quaisquer interferências políticas em órgãos policiais representam.
“Ele (Djairlon) falou que tem coisas que são e que parecem ser, e que era hora da PRF tomar lado, disse que era uma orientação do diretor-geral (Silvinei Vasques). Como não era ordem pra mim, eu me calei e a reunião seguiu”
— Adiel Pereira Alcântara, Ex-coordenador de Análise de Inteligência da PRF
Desdobramentos e desafios
Com o início das audiências das testemunhas de acusação, a corte pretende aprofundar as investigações para a avaliação de responsabilidades penais e institucionais. O processo pode resultar em mudanças na legislação sobre a autonomia das forças policiais e o papel da inteligência pública em períodos eleitorais. Observadores apontam que a continuidade do julgamento e as decisões que emergirão poderão impactar a confiança da sociedade nas instituições e estabelecer precedentes para assegurar a lisura dos processos eleitorais brasileiros.
“Ao apresentar denúncia ao STF, a Procuradoria-Geral da República incluiu as blitze da PRF realizadas no segundo turno da eleição de 2022 como parte do que seria uma tentativa de golpe de Estado.”
— Procuradoria-Geral da República
O julgamento das ações que envolvem o núcleo 1 do processo é apontado como um momento definidor para a estabilidade democrática, reforçando a importância do papel do STF como guardião da Constituição e da ordem institucional.
Fonte: (CNN Brasil – Política)