Sequenciamento do genoma da amora avança estudo em biotecnologia

Gainesville, EUA — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade da Flórida anunciam a montagem genômica em escala cromossômica do amora-preta tetraploide BL1, uma descoberta que pode acelerar a análise genética e o desenvolvimento de cultivares aperfeiçoados com traços nutricionais e hortícolas avançados.
Contexto da descoberta
As amoras-preta pertencem ao gênero Rubus subgênero Rubus, da família Rosaceae, distinguindo-se pela coloração roxo escura a preta, estrutura frutífera composta e sabores que combinam o doce, azedo e suculento. Conhecidas por serem ricas em antocianinas, antioxidantes e fibras dietéticas, essas frutas oferecem benefícios significativos à saúde. Nos EUA, que são o quarto maior produtor mundial, a demanda por amoras frescas e processadas aumentou consideravelmente, com produção de 16.850 toneladas métricas processadas e 1.360 toneladas frescas em 2017, além de importações que superaram 139 mil toneladas em 2021, atingindo valores expressivos de mercado.
O desenvolvimento contínuo de novas cultivares tem sido crucial para atender às demandas do mercado global, impulsionando avanços genéticos que podem melhorar a qualidade da fruta e a resistência a doenças.
Métodos e resultados
O estudo utilizou amplia coleção de sequências de DNA do amora-preta BL1, um fruto tetraploide (com quatro cópias de cada cromossomo, em contraste com plantas diploides como a framboesa), o que adiciona complexidade à análise genética. A partir dessas sequências, os cientistas reconstruíram computacionalmente o genoma completo, dissecando informações detalhadas sobre características-chave, como a ausência de espinhos e a produção de antocianinas que influenciam cor e valor nutricional.
Essa montagem genômica em escala cromossômica é inédita para a espécie tetraploide, fornecendo uma ferramenta de referência para pesquisas e melhoramento genético direcionado.
“Trabalhar com um tetraploide é mais complexo do que com um diploide,” disse Dr. Deng. “A liberação deste genoma tetraploide pode contribuir para o melhoramento mais eficaz e específico, resultando no desenvolvimento de cultivares com qualidade de fruto aprimorada e resistência a doenças importantes.”
(“Working with a tetraploid is more complex than a diploid,” said Dr. Deng. “The release of this tetraploid blackberry genome can contribute to more efficient and targeted breeding, ultimately leading to the development of new cultivars with enhanced fruit quality, and resistance to important diseases.”)— Dr. Zhanao Deng, Universidade da Flórida
Implicações e próximos passos
Este avanço genômico pode impulsionar o melhoramento genético de amoras, com cultivares mais robustas e nutritivas, otimizando práticas agrícolas e beneficiando produtores e consumidores globalmente. A descoberta revela também os mecanismos por trás da coloração característica e da produção de antocianinas, apontando para possibilidades futuras de intensificar essas qualidades.
“Este achado pode nos ajudar a entender por que as amoras desenvolvem sua cor púrpura/preta característica ao longo do tempo e como potencialmente aprimorar esse processo para frutos mais nutritivos,” afirmou Dr. Deng.
(“This finding can help us understand why blackberries develop their characteristic deep purple/black color over time and how to potentially enhance this process for more nutritious berries,” Dr. Deng said.)— Dr. Zhanao Deng, Universidade da Flórida
O estudo, publicado na revista Horticulture Research, abre caminho para pesquisas futuras focadas na utilização do genoma para a criação de variedades que atendam às crescentes exigências do mercado global e às condições agrícolas desafiadoras.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)