Rebelo afirma que Marinha não controla território e governo enfrenta desafio

Brasília — InkDesign News — O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo afirmou nesta sexta-feira (23), durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), que a Marinha do Brasil não possui capacidade estrutural para controlar o território nacional. A declaração surgiu no contexto da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado, com foco na atuação das Forças Armadas após a eleição de 2022.
Contexto político
O depoimento foi prestado no âmbito da denúncia contra o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, acusado de ter colocado as tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a derrota na eleição presidencial de 2022. Rebelo, que atuou como ministro da Defesa, foi convocado como testemunha de defesa de Garnier. Durante seu depoimento, foi questionado sobre as condições estruturais da Marinha e sua capacidade de atuação territorial no país.
O Brasil, com sua extensa faixa costeira e território continental, depende das Forças Armadas para a defesa nacional. Contudo, questões sobre recursos, equipamentos e estruturação têm sido historicamente debatidas, afetando a percepção sobre o papel real de cada força no cenário de segurança.
Reações e debates
“Claro que bloqueando qualquer possibilidade da Marinha ter uma atuação de controle de território, o que exigiria que ela tivesse uma composição que ela não tem, a não ser que fosse na época do Tratado de Tordesilhas, quando o Brasil era uma faixa de terra muito próxima do litoral. A atuação da Marinha é muito limitada para qualquer grito de operação que está em debate nos dias de hoje”
— Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa
A afirmação gerou repercussão no meio político e militar, pois coloca em questão a capacidade efetiva da Marinha em operações territoriais complexas e debates sobre a subestruturação das Forças Armadas brasileiras. O advogado de defesa, Demóstenes Torres, questionou diretamente as limitações da Marinha para subsidiar a defesa do ex-comandante implicado.
Em contrapartida, em janeiro de 2023, Rebelo havia minimizado a gravidade da suposta tentativa de golpe, classificando-a como “uma fantasia” utilizada para manter a polarização política no país.
“em janeiro do ano passado, Rebelo disse em entrevista que a tentativa de golpe era uma ‘fantasia’ entoada por petistas para manter viva a polarização política.”
— Aldo Rebelo, entrevista pública
Desdobramentos e desafios
O depoimento evidencia entraves na estruturação da Marinha para participar de ações de controle territorial em larga escala, levantando questões para futuras políticas de defesa. O debate no STF também refletirá na avaliação da conduta de oficiais e nas diretrizes para o uso das tropas em crises políticas.
A continuidade do caso no Supremo pode influenciar reformas institucionais, investimentos em defesa e o relacionamento entre civis e militares no Brasil. A sociedade acompanha atentamente o desenrolar do julgamento, que aponta para desafios concretos na manutenção da ordem democrática diante de tensões políticas.
Assim, a discussão sobre a real capacidade das Forças Armadas e o papel da Marinha no controle territorial nacional seguem como temas centrais na agenda de segurança e política do país.
Fonte: (CNN Brasil – Política)