
Brasília — InkDesign News — O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou que sua eleição interna, marcada para 6 de julho, será realizada com cédulas de papel, após semanas de tentativas frustradas para obter o empréstimo de urnas eletrônicas junto aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Contexto político
A decisão do PT foi tomada em reunião da Executiva Nacional diante da dificuldade para liberação das urnas eletrônicas, solicitadas uma a uma aos 27 TREs espalhados pelo país. Apenas 16 dos tribunais autorizaram a cessão das urnas; os demais recusaram ou dificultaram o empréstimo. Também foi descartada a criação de um sistema virtual de votação por computador ou celular, em razão do pouco tempo para desenvolvimento e preocupações com a qualidade da internet e a acessibilidade tecnológica em municípios remotos.
O presidente interino da sigla, senador Humberto Costa (PE), pediu intervenção da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, para facilitar o processo, amparando-se na capilaridade dos TREs para agilizar a votação, que envolverá mais de 1,3 milhão de filiados. Fontes do TSE afirmam que a ministra demonstrou sensibilidade, porém manteve cautela em razão do caráter inédito do pedido – o primeiro solicitado por um partido político –, e do receio de que a liberação possa gerar contestações de fraude eleitoral, temendo repercussões no ano que antecede as eleições gerais de 2026.
Reações e debates
“O partido ficou sem alternativa diante da negativa dos TREs, mesmo ciente das críticas que poderão vir principalmente do bolsonarismo, que levanta dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas.”
— Fontes do PT
A decisão do PT tem gerado debates, sobretudo por parte de adversários políticos que questionam a segurança das urnas e o formato alternativo adotado pela sigla. No âmbito do TSE, houve posicionamento cauteloso em relação ao uso das urnas para eleições internas, ainda que seja prática comum em outros contextos, como a cessão por parte do TRE do Rio de Janeiro para a eleição da presidência do Flamengo em 2024.
“Houve receio no TSE de que a liberação dos aparelhos para o PT pudesse abrir margem para contestações de fraude, o que seria temerário diante do cenário das eleições gerais do próximo ano.”
— Interlocutores da ministra Cármen Lúcia, TSE
Desdobramentos e desafios
O contexto político e tecnológico coloca o PT diante do desafio de conduzir uma votação transparente e segura, mesmo sem o suporte das urnas eletrônicas tradicionais. A utilização das cédulas de papel exigirá rigor na organização do pleito e na apuração dos votos para garantir a legitimidade do processo. Paralelamente, a rejeição do aplicativo de votação remota evidencia limitações estruturais que dificultam a modernização das eleições internas em partidos políticos, especialmente em áreas com menor acesso à internet.
Com a trajetória das eleições internas do PT vislumbrando este formato híbrido, o caso pode abrir precedentes para outros partidos e organismos que busquem alternativas viáveis diante das restrições de acesso aos equipamentos eletrônicos oficiais.
Fonte: (CNN Brasil – Política)