
Brasília — InkDesign News — O ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, confirmou ações de “policiamento direcionado” para impedir o trânsito de eleitores petistas durante o segundo turno das eleições de 2022 em depoimento prestado ao STF na segunda-feira, 19.
Contexto jurídico
O depoimento de Adiel ocorre no âmbito da ação penal relacionada ao Núcleo 1 da investigação sobre uma suposta trama golpista, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete denunciados. A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga as alegações de que as blitze da PRF foram utilizadas de forma indevida para interferir nas eleições presidenciais. Este processo culmina em uma série de audiências, onde 82 testemunhas foram convocadas, seguidas pelo interrogatório dos réus, cuja data não foi definida.
Argumentos e precedentes
Durante seu depoimento, Adiel Pereira destacou ordens de ex-diretores da PRF para que policiais realizassem paradas em ônibus, indicando que a operação visava claramente direcionar o policiamento. “Estavam criando uma polícia de governo, e não de Estado”, afirmou.
“A grande parte do efetivo não via com bons olhos esse vínculo com a imagem do ex-presidente.
(“Grande parte do efetivo não via com bons olhos esse vínculo com a imagem do ex-presidente”)— Adiel Pereira Alcântara, Ex-coordenador de Inteligência da PRF
Adicionalmente, Clebson Ferreira de Paula Vieira, agente de inteligência, informou que elaborou relatórios para justificar ações que agora são consideradas ilegais. Ele expressou sua preocupação ao perceber que suas habilidades estavam sendo utilizadas para embasar decisões questionáveis. “À época, eu fiquei apavorado porque uma habilidade técnica foi utilizada para uma tomada de decisão ilegal”, comentou.
“O que aconteceu no segundo turno, eu sabia que ia acontecer. Por raciocínio, não por provas.”
(“O que aconteceu no segundo turno, eu sabia que ia acontecer. Por raciocínio, não por provas.”)— Clebson Ferreira de Paula Vieira, Agente de Inteligência
Impactos e desdobramentos
O desdobramento dos depoimentos pode levar a um julgamento que decidirá sobre a condenação ou absolvição dos acusados, com implicações significativas para a jurisprudência brasileira e a confiança nas instituições. A expectativa é que o julgamento aconteça ainda em 2023, e a gravidade dos crimes mencionados, que incluem organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, pode resultar em penas severas.
As revelações sobre a manipulação do aparato policial geram um debate essencial sobre a ética e a legalidade dentro das instituições públicas, além de potencialmente instigar reformas no funcionamento da PRF para assegurar a imparcialidade da força policial.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)