
São Paulo — InkDesign News — A caderneta de poupança no Brasil voltou a registrar saques líquidos em abril de 2024, com um montante de R$ 6,418 bilhões retirados, informou o Banco Central (BC) nesta sexta-feira (9). Este resultado confirma o quarto mês consecutivo de retiradas líquidas, totalizando um volume de R$ 52,110 bilhões no acumulado do ano.
Panorama econômico
O cenário econômico brasileiro em 2024 é marcado por um contexto global de alta volatilidade nos mercados financeiros, impacto do ajuste monetário e pressões inflacionárias em setores como alimentação e saúde. Em abril, a inflação oficial medida pelo IBGE ficou em 0,43%, influenciada pela alta nos preços desses segmentos. A taxa básica de juros, a Selic, mantém-se alta, atualmente em 14,75% ao ano, acima do patamar de 8,5% que influenciaria a fórmula de rentabilidade da poupança.
Além disso, o Banco Central tem sinalizado a necessidade de reformulação do modelo de financiamento, em especial no segmento imobiliário, cuja captação tradicionalmente conta com os recursos da poupança. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, ressalta a perda líquida contínua da caderneta, atribuindo o fenômeno a questões estruturais que desafiam a sustentabilidade do modelo atual.
Indicadores e análises
Em abril, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) apresentou saldo negativo de R$ 4,34 bilhões, enquanto a poupança rural registrou saques líquidos de R$ 2,078 bilhões, ambos com retiradas em todos os meses do ano. A rentabilidade da poupança permanece atrelada à taxa referencial (TR) acrescida de uma remuneração fixa de 0,5% ao mês, válida até a Selic ultrapassar 8,5% ao ano. Atualmente, com a Selic em 14,75%, a fórmula vigorante mantém essa remuneração fixa, que tem perdido atratividade frente a outras alternativas de investimento.
“O movimento de perda de recursos da poupança parece ter como pano de fundo questões estruturais que exigem a migração para um novo modelo de financiamento do setor imobiliário.”
(“The movement of resource loss from savings seems to be underpinned by structural issues that require a migration to a new financing model in the real estate sector.”)— Gabriel Galípolo, Presidente do Banco Central
Impactos e previsões
A retirada continuada de recursos da poupança impacta o mercado imobiliário e o crédito associativo, dado que recursos poupados são tradicionalmente usados para financiar essa economia. Isso pressiona os bancos e agentes financeiros a buscarem modelos alternativos de captação e financiamento, enquanto os investidores podem se ver direcionados a opções com maior rentabilidade, mesmo diante de um cenário de juros altos.
“O desafio para o Brasil é estruturar um sistema de financiamento que responda às demandas atuais, minimizando as saídas líquidas da poupança e ampliando o acesso ao crédito imobiliário.”
(“The challenge for Brazil is to structure a financing system that meets current demands, minimizing net withdrawals from savings and expanding access to real estate credit.”)— Economista sênior, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
A tendência indica que a migração para novos instrumentos financeiros e a revisão das políticas de incentivo ao crédito imobiliário serão cruciais para balancear o mercado e recuperar a confiança do investidor na caderneta de poupança.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)