
Brasília — InkDesign News — A Polícia Federal (PF) identificou o general Braga Netto como “figura central” em estratégias destinadas a desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, durante o governo de Jair Bolsonaro, conforme relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 18 de outubro.
Contexto jurídico
As investigações em torno do ex-ministro da Casa Civil, Braga Netto, e seu ex-assessor, coronel Flávio Botelho Peregrino, estão ligadas a uma trama golpista que tenta obstruir e desacreditar o processo eleitoral de 2022. O relatório advém da análise do celular de Peregrino, que sugere a existência de um esquema coordenado para propagar desinformação sobre supostas fraudes eleitorais. O general Braga Netto foi preso em dezembro do ano passado, enfrentando acusações por seus esforços em obstruir as investigações e acessar informações de depoimentos da delação premiada de Mauro Cid, ex-aidante de ordens de Bolsonaro. O relatório também faz menção a um grupo de WhatsApp intitulado “Eleições 2022”, que incluía Braga Netto e Peregrino.
Argumentos e precedentes
O documento revela que mensagens no grupo indicam a produção de materiais falsos destinados a insinuar a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas, direcionados ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, além de suspensão de dados falsos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “As trocas de mensagens confirmaram a atuação do general Braga Netto como uma figura central para a implementação das estratégias visando desacreditar o sistema eleitoral e o pleito de 2022”, afirma o relatório.
“No caso da delação especificamente, acredito que alguém teve acesso ao Cid e já me passou as informações”
(“In the case of the plea deal specifically, I believe someone had access to Cid and already passed me the information.”)— Flávio Botelho Peregrino, Coronel do Exército
Impactos e desdobramentos
As implicações da operação vão além do processo judicial, com potencial de afetar a confiança pública nas instituições e no sistema eleitoral. Os investigadores vinculam o intento golpista a princípios de deslegitimação do processo democrático, evidenciado nas falas de Braga Netto durante eventos de 7 de setembro de 2021. “Se não cumprirem, ele abre o jogo e viramos com ele. Os Cmts [comandantes] estão cientes”, disse Braga Netto, indicando uma possibilidade de ruptura institucional.
“PR [Bolsonaro] apanhando muito. Tomara que não venham migalhas. Já vi esse mesmo filme 2 vezes.”
(“President [Bolsonaro] getting beat a lot. I hope they don’t come with crumbs. I’ve seen this same movie twice.”)— Mauro Cid, Ex-Ajudante de Ordens de Bolsonaro
A defesa de Braga Netto contradiz as alegações e solicitou uma acareação entre ele e Mauro Cid na próxima terça-feira (24), buscando esclarecimentos sobre o suposto plano golpista denominado “Punhal Verde e Amarelo”. O cenário atual apresenta uma necessidade urgente de reformas no monitoramento e responsabilidade das figuras públicas frente a ações que comprometam a democracia.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)