
Boulder, EUA — InkDesign News — Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Colorado Boulder e da Universidade de Lausanne, publicado em 2025, revela como o cérebro humano realiza a delicada transição entre sono e vigília, detalhando mecanismos gradativos e padrões únicos de atividade neural que delimitam quando, como e por que finalmente acordamos a cada manhã.
O Contexto da Pesquisa
A compreensão sobre o ato de despertar intriga a ciência há décadas. O estado de vigília, em contraste com o sono — caracterizado por ondas cerebrais lentas e sincronizadas —, se manifesta por uma atividade mais rápida e flexível, essencial para a consciência, movimento e cognição. Pesquisadores buscam desvendar como o cérebro “liga” novamente após o repouso, já que não se trata de um simples interruptor neurológico, mas sim de uma sequência coordenada de eventos cerebrais.
“Estar acordado significa que o cérebro está em um estado que sustenta a consciência, o movimento e o pensamento”
(“Being awake means the brain is in a state that supports awareness, movement and thinking”)— Rachel Rowe, Professora de Fisiologia Integrativa, Universidade do Colorado Boulder
Além disso, investigações anteriores apontaram que regiões subcorticais, especialmente o sistema ativador reticular (RAS), exercem papel primordial como o “interruptor inicial”, ativando estruturas como o tálamo e, posteriormente, o córtex cerebral.
Resultados e Metodologia
No estudo, liderado por Aurélie Stephan na Universidade de Lausanne, voluntários foram monitorados eletroencefalograficamente durante múltiplas fases do sono. Ao acordarem de estágios não-REM, foi identificada uma rápida sequência: uma breve onda cerebral de ritmo lento, típica do sono, precedendo a predominância de ondas rápidas associadas à vigília. Já durante o despertar direto do sono REM, a transição foi marcada quase exclusivamente por esta atividade acelerada.
Independentemente do estágio de origem, a ativação cerebral foi registrada deslocando-se das regiões frontais e centrais para as áreas posteriores do cérebro. Estudos também mostraram que o fenômeno da “inércia do sono” — sensação de torpor matutino — pode perdurar de 15 a 60 minutos, sendo potencialmente agravada pelo uso de alarmes, que interrompem o ciclo natural cerebral de alerta.
“Seu cérebro aguardará o momento certo de 50 segundos, e você sentirá menos sono ao despertar”
(“Your brain will wait for the right 50-second moment, and you’ll feel less sleepy upon awakening”)— Aurélie Stephan, Pesquisadora do Sono, Universidade de Lausanne
Implicações e Próximos Passos
A descoberta sobre a oscilação de ciclos de alerta e fragilidade do sono, em intervalos de cerca de 50 segundos, reforça a recomendação de adotar horários regulares de despertar, visando minimizar a “inércia do sono”. Entender o papel do sistema ativador reticular e do tálamo pode subsidiar novas terapias para distúrbios do sono e intervenções não-invasivas para melhorar o despertar em quem sofre de fadiga matinal crônica.
Embora o impulso definitivo para o despertar espontâneo permaneça um enigma, a pesquisa levanta hipóteses sobre a influência de dieta, duração de sono e até mesmo fatores ambientais externos, abrindo caminho para investigação multidisciplinar. Para os cientistas, o próximo desafio será decifrar por que o mesmo tempo de sono pode ter efeitos diferentes na disposição matinal de um indivíduo em dias consecutivos.
A expectativa é que, com o avanço dos métodos de monitoramento neural e maior compreensão das dinâmicas cerebrais ao acordar, novas estratégias individualizadas possam ser desenvolvidas para melhorar o desempenho cognitivo e bem-estar pela manhã. Para aprofundar mais sobre pesquisas do cérebro e do sono, consulte nossa sessão especial em /tag/ciencia/.
Fonte: (Live Science – Ciência)