
Londres — InkDesign News — Uma equipe internacional de astrônomos identificou, por meio de observações ultravioleta do Telescópio Espacial Hubble, uma raríssima anã branca ultramassiva formada a partir da fusão de estrelas, não da evolução de um único astro. O estudo, publicado na Nature Astronomy, sugere que esses remanescentes cósmicos podem ser mais comuns do que o imaginado, trazendo novos horizontes à astrofísica estelar.
O Contexto da Pesquisa
As anãs brancas representam o estágio final de estrelas que não possuem massa suficiente para explodir como supernovas. O destino previsto para o Sol, por exemplo, inclui tornar-se uma anã branca em cerca de 5 bilhões de anos. Segundo a teoria, esses corpos estelares chegam a ter até 1,4 vez a massa do Sol, embora aqueles acima da massa solar sejam raros. Até o presente estudo, apenas seis produtos de fusão de anãs brancas haviam sido identificados, sempre através de linhas de carbono no espectro óptico. Grande parte dessas raridades pertenciam ao grupo de anãs brancas mais azuis do que o esperado, observado pela missão Gaia da ESA em 2019.
Resultados e Metodologia
Utilizando o Espectrógrafo de Origens Cósmicas do Hubble, os pesquisadores examinaram a anã branca WD 0525+526, situada a 128 anos-luz da Terra e com massa 20% superior à do Sol. Embora o espectro óptico inicial sugerisse um objeto típico, o espectro ultravioleta revelou a presença atípica de carbono em sua atmosfera, característica de fusões violentas de sistemas binários ou triplos, ao invés do processo evolutivo padrão.
“It’s a discovery that underlines things may be different from what they appear to us at first glance,”
(“É uma descoberta que ressalta que as coisas podem ser diferentes do que parecem à primeira vista.”)— Boris Gaensicke, Pesquisador Principal, Universidade de Warwick
Com temperatura de quase 21.000 Kelvin e massa de 1,2 massas solares, o WD 0525+526 apresenta a menor quantidade de carbono atmosférico já encontrada nesse tipo de remanescente, o que só foi possível de detectar devido à sensibilidade do Hubble ao ultravioleta.
“Hubble’s Cosmic Origins Spectrograph is the only instrument that can obtain the superb quality ultraviolet spectroscopy that was required to detect the carbon in the atmosphere of this white dwarf,”
(“O Espectrógrafo de Origens Cósmicas do Hubble é o único instrumento capaz de obter a qualidade extraordinária de espectroscopia ultravioleta necessária para detectar o carbono na atmosfera desta anã branca.”)— Snehalata Sahu, Universidade de Warwick
Implicações e Próximos Passos
A identificação da origem de WD 0525+526 apenas por meio do espectro ultravioleta sugere que outros exemplos de anãs brancas “normais” podem ser, na verdade, frutos de colisões estelares. Os pesquisadores pretendem ampliar o levantamento do carbono atmosférico para estimar quantas fusões estão ocultas entre as anãs brancas conhecidas, com impacto relevante para a compreensão de binários estelares e a via evolutiva até supernovas.
“We would like to extend our research on this topic by exploring how common carbon white dwarfs are among similar white dwarfs, and how many stellar mergers are hiding among the normal white dwarf family,”
(“Gostaríamos de aprofundar nossa pesquisa neste tema, explorando a frequência de anãs brancas de carbono entre seus pares e quantas fusões estelares se ocultam entre as anãs brancas consideradas normais.”)— Antoine Bedrad, Co-líder do estudo, Universidade de Warwick
Os próximos desdobramentos preveem o uso extensivo de espectroscopia ultravioleta e dados de missões como Gaia e Hubble. A expectativa é de um salto na identificação de novas fusões, lançando luz sobre os mecanismos de evolução e explosão estelar, com impacto direto nas teorias de formação galáctica.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)