
Londres — InkDesign News — Uma análise recente conduzida por especialistas da história natural do Reino Unido destaca o papel único do Triângulo de Coral, região marinha tropical entre os oceanos Pacífico e Índico, que abriga 76% das espécies conhecidas de corais do mundo. A pesquisa detalha como a estabilidade deste ambiente, que se estende por mais de 6 milhões de quilômetros quadrados em torno das Filipinas, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste, Malásia e Ilhas Salomão, garantiu o título de “Amazônia do mar”.
O Contexto da Pesquisa
A busca por entender os fatores que sustentam a altíssima biodiversidade do Triângulo de Coral data de pelo menos dois séculos, remontando às explorações de Alfred Russel Wallace no arquipélago malaio, contemporâneo de Charles Darwin. O limite biogeográfico conhecido como “Linha de Wallace” ajudou a revelar as fronteiras naturais entre a fauna oriental e australiana. Pesquisas anteriores indicavam que regiões tropicais, devido à sua estabilidade climática ao longo de milhões de anos, tendem a acumular mais espécies do que zonas temperadas ou polares sujeitas a glaciações.
Resultados e Metodologia
De acordo com o artigo do Museu de História Natural, são identificadas cerca de 605 espécies de corais construtores de recifes no Triângulo de Coral — dez vezes mais que no Caribe. Esta diversidade suporta seis das sete espécies mundiais de tartarugas marinhas e 37% das espécies de peixes de recife, além de mamíferos marinhos, como o dugongo e grandes cetáceos. Os cientistas analisaram bancos de dados de espécies e fósseis, além de condições ambientais atuais e passadas, para esclarecer como a diversidade do Triângulo se manteve por ao menos 20 milhões de anos.
A “diversidade se construiu ao longo do tempo. Ao contrário de outras regiões marinhas temperadas e polares, que sofreram glaciação, áreas tropicais como o Triângulo de Coral permaneceram relativamente estáveis”
(“diversity built up over time. Unlike temperate and polar marine regions that have undergone glaciations, tropical regions like the Coral Triangle have remained relatively stable”)— Equipe de pesquisadores, Blue Corner Marine Research
O estudo ressalta ainda que o ambiente turvo pode proteger parcialmente os corais do aquecimento global, bloqueando a luz solar intensa que favorece o branqueamento por altas temperaturas.
“Corais que vivem sob estresse sedimentar contínuo parecem ser mais resilientes, pois a lama pode bloquear a luz, o que por sua vez diminui o estresse do branqueamento causado por altas temperaturas”
(“Corals living under continuous sediment stress seem to be more resilient, as the mud may block light, which in turn alleviates bleaching stress induced by high temperatures”)— Kenneth Johnson, paleobiólogo e pesquisador principal, Museu de História Natural
Implicações e Próximos Passos
Os resultados enfatizam a necessidade urgente de preservar o Triângulo de Coral, já que, apesar de uma possível tolerância relativa ao aquecimento global, a biodiversidade permanece ameaçada pela sobrepesca, poluição costeira e acidificação oceânica. Os especialistas defendem políticas de conservação reforçadas e maior acompanhamento das mudanças ambientais na região.
“Ninguém realmente pensa nesses recifes, mas talvez sejam justamente os que mais devemos proteger”
(“Nobody really thinks about these reefs, but they might be the ones we really want to protect”)— Kenneth Johnson, paleobiólogo e pesquisador principal, Museu de História Natural
A crescente compreensão da resiliência relativa do Triângulo, apoiada por novas abordagens científicas e tecnológicas, pode nortear estratégias globais para a proteção dos recifes tropicais frente às mudanças climáticas e à atividade humana intensa. Futuras pesquisas pretendem aprofundar como a geologia única e os fluxos de correntes oceânicas contribuem para a manutenção dessa complexa teia de vida.
Fonte: (Live Science – Ciência)