
Zurique — InkDesign News — Um novo estudo conduzido por pesquisadores da ETH Zurique, em colaboração com o Instituto Max Planck de Astronomia em Heidelberg e a Universidade da Califórnia em Los Angeles, desafia as expectativas sobre planetas sub-Netunos como potenciais mundos oceânicos e lança dúvidas sobre seus ambientes serem propícios à vida. Publicado em setembro de 2025, o trabalho revela que a quantidade de água nesses exoplanetas é muito inferior ao imaginado.
O Contexto da Pesquisa
Nos últimos anos, a comunidade científica alimentava expectativas de que planetas sub-Netunos — aqueles maiores que a Terra, mas menores que Netuno, como K2-18b a 124 anos-luz — pudessem ser abundantemente cobertos por oceanos globais sob atmosferas ricas em hidrogênio. Tais condições seriam, teoricamente, favoráveis à vida e receberam o nome de “planetas Hycean”, mistura dos termos “hidrogênio” e “oceano”. Porém, investigações anteriores não consideravam o acoplamento químico entre atmosfera e interior desses planetas, fator crucial para a retenção de água.
Resultados e Metodologia
A equipe suíça utilizou simulações computacionais avançadas para estudar 248 modelos planetários, com base em um modelo já existente de evolução planetária integrando um novo algoritmo de cálculo das interações químicas entre gases atmosféricos e minerais presentes no magma. Os resultados indicam que processos químicos promovem o desaparecimento da maior parte das moléculas de H₂O, à medida que hidrogênio e oxigênio se ligam a compostos metálicos e migram para o núcleo dos planetas.
“As nossas simulações demonstram que a quantidade de água que efetivamente permanece na superfície, como H₂O, limita-se a poucos por cento, no máximo”
(“The water that actually remains on the surface as H2O is limited to a few per cent at most.”)— Aaron Werlen, Pesquisador, ETH Zurique
Com isso, o cenário em que sub-Netunos reúnem imensas massas de água (10-90% da massa total) perde respaldo. O estudo ainda destaca que, mesmo sob condições favoráveis de acúmulo de água durante a formação planetária, a maior parte desse elemento fica retida no interior rochoso.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta reacende debates sobre a raridade de ambientes propícios à vida no universo e indica que planetas potencialmente habitáveis com quantidades suficientes de água seriam tipicamente menores — e, portanto, mais difíceis de detectar, mesmo para observatórios avançados como o Telescópio Espacial James Webb.
“A Terra pode não ser tão extraordinária quanto pensamos. No nosso estudo, pelo menos, ela parece ser um planeta típico”
(“The Earth may not be as extraordinary as we think. In our study, at least, it appears to be a typical planet.”)— Caroline Dorn, Professora de Exoplanetas, ETH Zurique
Curiosamente, os pesquisadores também observaram que planetas formados mais próximos de suas estrelas podem ter atmosferas mais ricas em água devido a processos químicos e não pela acumulação de gelo, contrariando a visão tradicional na área.
No futuro, o aperfeiçoamento de modelos e a observação direta poderão aprimorar o entendimento sobre a prevalência e composição de exoplanetas, guiando estratégias para a busca de mundos habitáveis.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)