
Ithaca, Nova York — InkDesign News — Uma pesquisa publicada na edição de outubro da revista Brain, Behavior and Immunity — Health revela que vantagens sociais acumuladas ao longo da vida podem retardar o envelhecimento biológico, conforme padrões de metilação do DNA analisados em mais de 2.100 adultos do estudo MIDUS, nos Estados Unidos. O trabalho investiga o impacto de conexões sociais profundas e sustentadas, desde a infância até a vida adulta, sobre a chamada “idade epigenética”.
O Contexto da Pesquisa
O estudo liderado por Anthony Ong, professor de psicologia na Universidade de Cornell, insere-se em um cenário crescente de investigações sobre os determinantes sociais da saúde. Pesquisas anteriores consideravam fatores isolados, como o estado civil ou número de amigos, enquanto este estudo propôs avaliar o conceito de “vantagem social cumulativa” como um construto multidimensional — englobando desde o apoio parental até o envolvimento comunitário e religioso ao longo de décadas. O desafio é desvendar de que forma relações interpessoais moldam sistemas regulatórios do envelhecimento, como as vias epigenéticas e inflamatórias.
Resultados e Metodologia
Foram examinados dados do grande estudo longitudinal Midlife in the United States (MIDUS), analisando marcadores moleculares conhecidos como “relógios epigenéticos” — com destaque para GrimAge e DunedinPACE, que são preditores confiáveis de morbidade e mortalidade. Adultos com redes sociais mais fortes e duradouras apresentaram idade biológica inferior à cronológica, retardando processos associados ao envelhecimento.
O estudo mensurou quatro áreas-chave: apoio parental na infância, conexão com vizinhança/comunidade, participação religiosa e suporte emocional de amigos e familiares ao longo da vida. “Cumulative social advantage is really about the depth and breadth of your social connections over a lifetime”
(“A vantagem social cumulativa diz respeito à profundidade e à amplitude das suas conexões sociais ao longo da vida”)— Anthony Ong, Professor de Psicologia, Universidade de Cornell.
Conforme os autores, vantagens sociais sustentadas se refletiram em menor ativação inflamatória — como níveis reduzidos de interleucina-6, biomarcador implicado em doenças cardiovasculares e neurodegenerativas —, mas não em marcadores de estresse agudo como cortisol e catecolaminas. O estudo reforça que a soma de recursos sociais ao longo da vida impacta fortemente a biologia do envelhecimento.
Implicações e Próximos Passos
Os resultados sugerem que a presença consistente de conexões sociais profundas é um dos principais determinantes fisiológicos do envelhecimento saudável. Diferentemente de intervenções pontuais, como uma amizade ou voluntariado isolados, importa a consistência e diversificação dos vínculos ao longo de décadas. “Think of social connections like a retirement account. The earlier you start investing and the more consistently you contribute, the greater your returns. Our study shows those returns aren’t just emotional; they’re biological.”
(“Pense nas conexões sociais como uma poupança para a aposentadoria. Quanto antes você começa a investir e quanto mais contribui de forma consistente, maiores os retornos. Nosso estudo mostra que esses retornos não são apenas emocionais; eles são biológicos.”)— Anthony Ong, Professor de Psicologia, Universidade de Cornell.
A publicação reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas sociais que promovam a construção de laços ao longo da vida, podendo influenciar intervenções em saúde preventiva. Pesquisadores aguardam a replicação desses achados em outros contextos populacionais e buscam investigar mecanismos moleculares adicionais e possíveis aplicações clínicas dos “relógios epigenéticos”.
O estudo abre caminho para que futuros trabalhos explorem estratégias de fortalecimento de redes de apoio e seu impacto em diferentes sociedades, contribuindo significativamente para debates sobre envelhecimento saudável e longevidade.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)