
Uppsala — InkDesign News — Uma recente análise científica desvenda o complexo relacionamento entre figos e vespas, esclarecendo um dos maiores mitos da botânica: afinal, há vespas dentro dos figos que consumimos? Pesquisadores de universidades na Suécia e nos Estados Unidos reforçam a importância desta parceria evolutiva, destacando a mutualidade entre diferentes espécies envolvidas.
O Contexto da Pesquisa
O ciclo de vida dos figos e das vespas é objeto de estudos científicos há décadas, sendo considerado um dos exemplos clássicos de mutualismo na biologia — relação em que ambas as espécies são beneficiadas. O fenômeno, que já intrigou tanto consumidores quanto botânicos, envolve a cooperação indispensável entre a figueira e minúsculas vespas responsáveis pela polinização do fruto, conforme explica a pesquisadora Charlotte Jandér, do Departamento de Ecologia e Evolução de Plantas da Universidade de Uppsala.
“Fig trees and fig wasps are a great example of a mutualism,”
(“As figueiras e as vespas-do-figo são um excelente exemplo de mutualismo.”)— Charlotte Jandér, Pesquisadora, Universidade de Uppsala
Resultados e Metodologia
O que comumente se chama de “fruto” do figo é, na verdade, uma estrutura oca denominada sicônio, composta por centenas de minúsculas flores. Durante o ciclo de polinização, a fêmea da vespa penetra o sicônio para depositar pólen, por vezes perdendo suas asas ou antenas e morrendo ali dentro. No entanto, nem todos os figos necessitam deste processo para amadurecer.
“Most figs we eat in the US have no wasps inside them,”
(“A maioria dos figos que consumimos nos EUA não possui vespas em seu interior.”)— Carlos Machado, Professor de Biologia, Universidade de Maryland
Figuras como o Mission e o Brown Turkey, bastante comuns no mercado, pertencem ao grupo que amadurece sem a intervenção das vespas, fenômeno denominado partenocarpia. Entretanto, espécies como a Smyrna e Calimyrna, além de figos silvestres do Mediterrâneo, ainda dependem da participação do inseto. Durante a maturação, eventuais restos de vespas que permanecem no interior do figo são decompostos, tornando-se imperceptíveis ao consumidor.
Implicações e Próximos Passos
A interação entre figos e vespas-do-figo não apenas representa um elo fundamental para a reprodução de ambos, mas também um exemplo de mutualismo importante para a manutenção da biodiversidade em diferentes ecossistemas. “Há outras relações mutualísticas entre plantas e polinizadores, mas a existente entre figos e vespas provavelmente está entre as mais diversas e impactantes,” destacou Machado.
Este paradigma continua atraindo o interesse de biólogos evolutivos e ecologistas do mundo inteiro, reforçando a necessidade de entendimento dos mecanismos naturais de polinização e dos impactos humanos na biodiversidade local. Os próximos passos da pesquisa envolvem compreender como mudanças ambientais podem afetar a delicada parceria entre figos e vespas, além do desenvolvimento de cultivares menos dependentes dos polinizadores.
À medida que estudos como este aprofundam a compreensão sobre mutualismos complexos, cresce a conscientização sobre a importância de preservar tais relações para a sustentabilidade da agricultura e o equilíbrio ecológico.
Fonte: (Live Science – Ciência)