Washington, D.C. — InkDesign News — Uma pesquisa recente liderada pelo Smithsonian’s National Zoo and Conservation Biology Institute revelou que pequenos herbívoros, como cães-da-pradaria e gafanhotos, desempenham papel mais crucial do que grandes mamíferos na ciclagem de nutrientes e fertilidade do solo em pradarias do nordeste de Montana, impactando diretamente a sustentabilidade desses ecossistemas.
O Contexto da Pesquisa
As pradarias norte-americanas têm sofrido significativa redução de biodiversidade devido ao declínio populacional de espécies como bisões e cães-da-pradaria desde a chegada europeia ao continente. Os cientistas buscam entender como diferentes tamanhos e abundâncias de herbívoros afetam a reciclagem de nutrientes essenciais — um processo vital à manutenção da vida vegetal e à saúde do solo.
Resultados e Metodologia
O estudo incluiu 15 sítios de pradaria de grama curta, analisando como cães-da-pradaria, gafanhotos, bisões e gado influenciam a ciclagem de nutrientes. Descobriu-se que os chamados “towns” de cães-da-pradaria possuem as maiores concentrações de carbono e nitrogênio no solo. A presença abundante de gafanhotos nestas áreas aumentou ainda mais a disponibilidade de nutrientes.
“Há muito mais gafanhotos nas cidades de cães-da-pradaria do que em qualquer outro local na pradaria. Parece haver um mutualismo: os gafanhotos se beneficiam do ciclo de nutrientes promovido pelos cães-da-pradaria e são atraídos pela alta densidade de nutrientes nos tecidos vegetais dessas áreas.”
(“There were way more grasshoppers on PD [prairie dog] towns than any other place in the grassland. There appears to be a mutualism here where grasshoppers benefit from the nutrient cycling of prairie dogs and are attracted to the high densities of plant tissue nutrients on PD towns.”)— Ellen Welti, Ecóloga, Smithsonian Institution
A pesquisa constatou que excreções e o comportamento de escavação dos cães-da-pradaria aumentam os teores de nitrogênio, potássio e magnésio nos tecidos vegetais, enquanto os gafanhotos elevaram o fósforo no solo. Segundo os autores, a maior abundância numérica de pequenos herbívoros compensa sua biomassa individual mais baixa, equiparando ou superando a influência dos grandes animais.
“Enquanto os herbívoros ‘menores’ são mais abundantes, podem, em termos de biomassa total por área, igualar ou ter valores superiores aos maiores.”
(“While ‘smaller’ herbivores are smaller on an individual comparison basis, they are generally much more abundant than ‘larger’ herbivores. In terms of total biomass/area, small herbivores may equal or have larger values to larger herbivores.”)— Ellen Welti, Ecóloga, Smithsonian Institution
Implicações e Próximos Passos
A resiliência das pradarias, ambientes entre os mais ameaçados do planeta, depende não somente da presença dos grandes herbívoros tradicionais, mas sobretudo do funcionamento das populações de pequenos animais. A análise do ciclo de vida dos gafanhotos indica forte relação com o aumento e declínio do material vegetal durante a estação produtiva, reforçando sua influência ecológica.
As conclusões do estudo demonstram que iniciativas de conservação devem considerar os pequenos herbívoros como centrais na restauração ambiental e na defesa das pradarias. Especialistas sugerem que futuras pesquisas explorem a interação entre diferentes espécies e outros fatores ambientais para aprimorar estratégias de manejo sustentáveis.
Na perspectiva dos pesquisadores, descortina-se um campo fértil para investigar soluções inovadoras na gestão de ecossistemas e recuperação de áreas degradadas. A conservação dos pequenos residentes das pradarias pode ser vital para o futuro desse bioma e para o equilíbrio dos ciclos de nutrientes globais.
Fonte: (Popular Science – Ciência)
