
Londres — InkDesign News — Astrônomos identificaram um enigmático objeto escuro, potencialmente o menor já registrado, escondido dentro de um anel de luz distorcida conhecido como “anel de Einstein”, a cerca de 10 bilhões de anos-luz da Terra. A descoberta, publicada em outubro por equipes internacionais em revistas científicas, fornece uma nova proposta para desvendar a natureza da matéria escura no universo.
O Contexto da Pesquisa
O estudo foca no B1938+666, um sistema identificado pela primeira vez na década de 1990. Esse sistema se destaca por apresentar um anel luminoso formado pelo fenômeno do lente gravitacional, em que a luz de uma galáxia distante é curvada por um objeto maciço mais próximo, criando um arco observável a partir da Terra. A existência de matéria escura foi proposta para explicar anomalias gravitacionais e a ausência de interação direta dessa matéria com a luz, conforme prevê a teoria da relatividade geral.
Resultados e Metodologia
Utilizando uma rede de radiotelescópios distribuídos globalmente — incluindo o Green Bank Telescope (EUA) e o European Very Long Baseline Interferometry Network — os pesquisadores conseguiram observar um pequeno distúrbio gravitacional no arco exterior do anel B1938+666. O objeto responsável possui cerca de 1 milhão de vezes a massa do Sol, cem vezes menor do que qualquer outro já detectado por esse método.
“A partir da primeira imagem de alta resolução, imediatamente observamos um estreitamento no arco gravitacional, o que é um sinal claro de que estávamos diante de algo incomum.”
(“From the first high-resolution image, we immediately observed a narrowing in the gravitational arc, which is the tell-tale sign that we were onto something.”)— John McKean, Astrônomo, Universidade de Groningen, Países Baixos
Para processar o extenso volume de dados, métodos numéricos inéditos foram desenvolvidos. Esses avanços permitiram identificar uma leve “oscilaçao” no arco gravitacional, atribuída a uma estrutura invisível — provável aglomerado de matéria escura.
“Os dados são tão grandes e complexos que tivemos de desenvolver novas abordagens numéricas para modelá-los.”
(“The data are so large and complex that we had to develop new numerical approaches to model them.”)— Simona Vegetti, Astrônoma, Instituto Max Planck para Astrofísica, Alemanha
Implicações e Próximos Passos
A detecção do objeto reforça a validade da teoria da “matéria escura fria”, que sugere que essa matéria só pode se agregar se movimentar lentamente, resultando em baixas emissões de energia. O método desenvolvido também mostra potencial para ampliar a identificação de outros pequenos aglomerados de matéria escura, já que o número de anéis de Einstein conhecidos cresce rapidamente, sobretudo após a contribuição do Telescópio Espacial James Webb.
“Ao encontrar um, a questão agora é se podemos encontrar mais”, declarou Devon Powell, coautor dos estudos, sugerindo que galáxias como a Via Láctea possam estar repletas de tais estruturas ocultas.
O próximo passo será refinar as técnicas numéricas e expandir a análise para outros sistemas semelhantes, o que pode acelerar a compreensão sobre a distribuição e a natureza da matéria escura no universo. Essa abordagem promete inaugurar uma nova era de descobertas, aproximando a ciência de respostas fundamentais sobre a constituição do cosmos.
Fonte: (Live Science – Ciência)