Pesquisa revela impacto do consumo masculino no bem-estar familiar

Melbourne — InkDesign News — Um novo estudo global liderado pela Universidade La Trobe revela o impacto frequentemente ignorado do consumo de álcool por homens sobre mulheres e crianças, com consequências que vão de violência e negligência a perdas educacionais e econômicas. Os resultados, publicados em 2024, sustentam a necessidade de reformas urgentes em políticas públicas na Austrália e no mundo.
O Contexto da Pesquisa
O consumo abusivo de álcool por homens tem sido tema de preocupação global, especialmente por sua ligação direta com violência doméstica e desigualdade de gênero. A pesquisa, intitulada “Harms to Women and Children from Men’s Alcohol Use: An Evidence Review and Directions for Policy”, analisou dados de 78 artigos acadêmicos, consolidando uma visão abrangente sobre o tema. Destaca-se que, em países de baixa e média renda e locais com elevada desigualdade de gênero, as consequências desse consumo são ainda mais drásticas para mulheres e crianças.
Resultados e Metodologia
A análise reuniu dados de revisões sistemáticas, demonstrando que, em certos países, até um terço das mulheres convive com parceiros que consomem álcool abusivamente. Esses lares apresentam maior risco de violência, negligência e piora das condições de saúde infantil, impactando, inclusive, perspectivas futuras como acesso à educação.
“A pesquisa mostra que as consequências do uso de álcool por homens vão muito além do indivíduo que bebe”
(“Research shows that the consequences of men’s alcohol use extend far beyond the individual that drinks”)— Anne-Marie Laslett, Professora, Centro de Pesquisa em Políticas de Álcool, Universidade La Trobe
Os dados globais indicam disparidades significativas entre países no padrão de consumo de álcool entre homens e mulheres. Em contextos de maior desigualdade, o impacto negativo sobre mulheres e crianças se acentua.
“Globalmente, há pouco reconhecimento de que o consumo de álcool por terceiros, em especial por homens, contribui para muitos danos às mulheres e crianças”
(“Globally there has been poor recognition that others’ drinking, and particularly men’s drinking, contributes to many harms to women and children”)— Anne-Marie Laslett, Professora, Centro de Pesquisa em Políticas de Álcool, Universidade La Trobe
O estudo defende que políticas comprovadas, como aumento de impostos sobre o álcool e restrição da disponibilidade, precisam ser acompanhadas de estratégias para enfrentar normas de gênero nocivas e fortalecer a autonomia de mulheres e crianças. Intervenções comunitárias, integrando saúde, justiça e serviços sociais, são tidas como essenciais.
Implicações e Próximos Passos
As evidências apontam para a urgência de políticas multifocais — não apenas regulatórias, mas também sociais e educativas. O reconhecimento do papel do álcool nas dinâmicas de violência doméstica, especialmente na Austrália, impulsiona debates sobre endurecimento da regulamentação e revisão das campanhas nacionais.
“Dado o contexto social em que os danos às mulheres e crianças ocorrem em decorrência do álcool consumido por homens, as intervenções precisarão ir além das políticas atuais de álcool”
(“Given the nature of the social context in which the harm to women and children from men’s drinking occurs, interventions to reduce such harms might have to go beyond current alcohol policies”)— Siri Hettige, Pesquisador, Universidade de Colombo, Sri Lanka
Especialistas defendem uma abordagem intersetorial, com ênfase em soluções adaptadas às realidades locais, visando diminuir a vulnerabilidade de mulheres e crianças, especialmente nos países mais afetados.
Os próximos anos tendem a intensificar o debate sobre regulamentações e estratégias preventivas, com destaque para a necessidade de políticas integradas e ações comunitárias. O estudo reforça a importância de ampliar o olhar para os danos indiretos do álcool e promover mudanças estruturais a partir de evidências.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)