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Brasília — InkDesign News — As tendências de “sleep hacks” do TikTok, como o consumo de água de alface e mocktails de magnésio, chamaram a atenção de especialistas e do público em 2023, alimentando debates sobre a real eficácia dessas práticas para melhorar o sono. Pesquisadores e médicos alertam para o baixo nível de evidências científicas em torno dessas soluções virais, enquanto enfatizam a importância da cautela diante de alegações não comprovadas.
O Contexto da Pesquisa
A disseminação de hackeamentos simples para melhorar o sono ganhou força nas redes sociais, com práticas como beber água de alface ou coquetéis de magnésio, conhecidos por prometer calma e sono rápido. No entanto, a busca pelo sono ideal é um desafio antigo da ciência médica. “Acho que precisamos ser cuidadosos sempre que cientistas, e especialmente TikTokers, fazem afirmações médicas,”
(“I think we need to be careful any time scientists and especially TikTokers make medical claims,”)
— Dr. Alex Dimitriu, psiquiatra e especialista em medicina do sono, Menlo Park Psychiatry and Sleep Medicine.
Dimitriu ressalta que, mesmo quando há estudos relacionados, muitos apresentam limitações metodológicas, são pequenos e, portanto, pouco conclusivos sobre os efeitos em humanos.
Resultados e Metodologia
A água de alface consiste em folhas fervidas, consumidas como chá, prática popularizada por vídeos virais. Pesquisas apontam que a alface contém lactucina e lactucopicrina — compostos hipoteticamente calmantes — porém, as evidências são escassas e provêm de estudos com camundongos. Nestes experimentos, extratos de alface ajudaram os animais a adormecer mais rapidamente e a reverter insônia induzida por cafeína, sugerindo atuação semelhante à de drogas benzodiazepínicas. Até o momento, tais efeitos não foram confirmados em humanos.
Por outro lado, o magnésio está respaldado por estudos robustos sobre sono e ansiedade. “Há boas evidências científicas de que o magnésio melhora a qualidade e a duração do sono,”
(“There is good scientific evidence that magnesium improves sleep quality and duration,”)
— Dr. Alex Dimitriu, Menlo Park Psychiatry and Sleep Medicine.
O mineral equilibra neurotransmissores cerebrais e participa da produção de melatonina. Formas como o magnésio treonato demonstram atravessar a barreira hematoencefálica com maior eficácia. Mocktails contendo suco de cereja azeda e água com gás tornaram-se populares, embora as pesquisas sobre o efeito da cereja no sono ainda sejam preliminares. O excesso de magnésio pode causar desconforto gastrointestinal e doses muito altas são perigosas, levando especialistas a recomendarem atenção aos limites de ingestão.
Implicações e Próximos Passos
O entusiasmo em torno de hacks de sono destaca a necessidade de rigor científico antes da adoção de práticas populares. Segundo especialistas, hábitos regulares de sono — horários estáveis e redução de exposição a telas antes de dormir — possuem impacto superior ao uso de suplementos em grande parte dos casos. O uso de magnésio treonato pode ser benéfico, mas a literatura destaca a necessidade de grandes estudos clínicos em humanos. Entre os auxiliares do sono reconhecidos pela ciência estão também doses baixas de melatonina, raiz de valeriana e chá de camomila.
“Bons hábitos de sono — como manter um horário consistente e evitar telas por algumas horas antes de dormir — costumam fazer mais pelo seu sono do que qualquer suplemento.”
(“Good sleep habits—like keeping a consistent bedtime and wake time, and avoiding screens for a couple of hours before bed—usually do more for your sleep than any supplement.”)— Dr. Alex Dimitriu, Menlo Park Psychiatry and Sleep Medicine
Os desdobramentos apontam para a valorização de abordagens baseadas em evidências robustas, além do aprimoramento de ensaios clínicos sobre suplementos emergentes para o sono. Médicos reforçam que a cautela e a busca por fontes confiáveis são essenciais na adoção de novas estratégias para saúde do sono.
Fonte: (Popular Science – Ciência)