
Guatemala — InkDesign News — Uma equipe de pesquisadores revelou que crianças maia, com idades entre 7 e 10 anos, tiveram dentes adornados com incrustações de jade durante os períodos Clássico (250 a 900 d.C.) e Pós-Clássico (900 a 1550 d.C.), segundo estudo publicado na edição de novembro de 2025 do Journal of Archaeological Science: Reports. A análise expande o entendimento sobre as rituais de passagem e símbolos de status social na Mesoamérica pré-hispânica.
O Contexto da Pesquisa
Nas últimas décadas, arqueólogos já identificavam a prática maia de modificar dentes, frequentemente com limagens, gravações ou incrustações de pedras preciosas em adultos. Mais de metade dos adultos do período Clássico possuíam esses acessórios dentários, segundo pesquisas pregressas. No entanto, novos achados sugerem que os rituais ligados à maturidade social e identidade iam além dos adultos, incluindo crianças muito jovens.
Resultados e Metodologia
O estudo focou em três dentes isolados com incrustações de jade armazenados no Museu Popol Vuh, na Guatemala. Através de exames do estágio de formação das raízes, determinou-se que os dentes pertenciam a crianças entre 7 e 10 anos. Foram analisados um incisivo central superior esquerdo, um canino superior direito e um incisivo inferior — sem ligação óssea para indicar se provinham do mesmo indivíduo. Os pesquisadores empregaram radiografias para constatar ausência de danos ao tecido pulpar e de cáries naturais.
“Infelizmente, esses dentes não estão associados a restos ósseos esqueléticos, então não podemos afirmar com certeza a sua origem ou se pertencem a um único indivíduo ou a até três diferentes.”
(“Unfortunately, these teeth are not associated with bony skeletal remains, so we cannot state for certain their origin and whether or not they belong to a single individual or to up to three different ones.”)— Autores do estudo, Journal of Archaeological Science: Reports
Análises mostraram indícios de que as incrustações foram feitas ainda em vida, e não como prática funerária. O procedimento era invasivo e realizado por artesãos especializados, com perfuração e fixação com resinas orgânicas.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta de incrustações dentárias em crianças amplia o debate sobre rituais de passagem social no universo maia, embora os pesquisadores ressaltem que esses casos podem refletir tradições regionais e não uma prática generalizada.
“A menos que mais casos sejam documentados, qualquer possível interpretação das razões por trás dessas modificações permanentes em indivíduos tão jovens permanece apenas no âmbito de suposições e não pode ser generalizada para todo o mundo maia.”
(“Unless more cases are documented, any possible interpretation of the reasons behind performing these permanent modifications in such young individuals remains at the level of assumptions and cannot be generalized to the whole Maya realm.”)— Autores do estudo, Journal of Archaeological Science: Reports
O estudo cita ainda achados controversos em Belize, onde dentes incrustados podem ter pertencido a uma criança de apenas 3 anos, mas cuja autenticidade como modificação realizada em vida é discutida.
Pesquisadores afirmam que novos achados arqueológicos e análise de outros dentes infantis maias serão fundamentais para desvendar o verdadeiro significado dessas práticas e sua distribuição.
Fonte: (Live Science – Ciência)