
Florida — InkDesign News — Um estudo liderado pelo Harbor Branch Oceanographic Institute da Florida Atlantic University revelou que o peixe badejo vermelho (Epinephelus guttatus), encontrado no Caribe, utiliza grunhidos específicos para comunicação durante a reprodução e a defesa territorial. Baseado em 12 anos de monitoramento acústico, o estudo empregou inteligência artificial para analisar milhares de horas de registros subaquáticos, oferecendo novos insights para conservação e manejo de espécies ameaçadas.
O Contexto da Pesquisa
A pesquisa foi motivada pelo interesse crescente em monitorar populações de peixes sem perturbar seus habitats naturais. O badejo vermelho, um peixe hermafrodita que transita de fêmea a macho, reúne-se em grandes grupos durante o inverno para a desova, percorrendo aproximadamente 30 quilômetros até áreas específicas de reprodução. Apesar de avanços em monitoramento ambiental, ainda existiam dificuldades em interpretar sinais acústicos marinhos e suas relações com comportamentos essenciais como reprodução e competição.
Resultados e Metodologia
Os cientistas instalaram um sistema passivo de monitoramento acústico na costa oeste de Porto Rico, documentando continuamente a área de desova do badejo vermelho entre 2007 e 2019. Utilizando o algoritmo Fish Acoustic Detection Algorithm Research (FADAR), a equipe processou rapidamente um vasto volume de dados, identificando diferenças claras entre grunhidos de cortejo e de defesa territorial.
“Graças ao FADAR, processamos 12 anos de dados acústicos em semanas—descobrindo padrões que levariam anos para encontrar”
(“Thanks to FADAR, we processed 12 years of acoustic data in weeks—uncovering patterns that would have taken years to find”)— Laurent Chérubin, coautor do estudo, Harbor Branch Oceanographic Institute
O trabalho evidenciou um aumento notável nos grunhidos de caráter agressivo, principalmente após 2018, sinalizando possíveis alterações demográficas naquela população, como aumento de machos dominantes, mudanças nos índices sexuais ou deslocamento das áreas de desova.
“Essa mudança pode indicar alterações na população, como aumento no número de machos mais velhos ou dominantes, mudanças na proporção de sexos, ou até uma mudança na área central de desova”
(“This shift could indicate changes in the population, such as an increase in the number of older or more dominant males, changes in sex ratios, or even a shift in the core spawning area”)— Laurent Chérubin, coautor do estudo, Harbor Branch Oceanographic Institute
Implicações e Próximos Passos
O monitoramento passivo, aliado à inteligência artificial, abre caminho para uma nova era de estudos comportamentais não invasivos, especialmente em espécies de interesse ecológico e comercial. A técnica pode ser replicada para acompanhar outras populações de peixes e aprimorar estratégias voltadas para a pesca sustentável e a conservação de ambientes marinhos.
O estudo destaca a importância da escuta atenta para entender dinâmicas populacionais e comportamentais subaquáticas, sugerindo sua adoção por órgãos gestores de recursos e iniciativas de conservação, visando a proteção de espécies vulneráveis.
À medida que tecnologias de detecção e análise acústica evoluem, o campo de pesquisa sobre comunicação animal e manejo sustentável marinho tende a ganhar ferramentas ainda mais precisas, potencializando respostas rápidas às mudanças ambientais e pressões antrópicas.
Fonte: (Popular Science – Ciência)