
Londres — InkDesign News — Cientistas da University College London (UCL) divulgaram imagens inéditas mostrando, em detalhes sem precedentes, como antibióticos conhecidos como polimixinas atacam e destroem bactérias causadoras de doenças. O estudo, publicado em 29 de setembro na respeitada revista Nature Microbiology, empregou microscopia de força atômica para observar, em tempo real, o efeito dessas drogas sobre as membranas de bactérias E. coli.
O Contexto da Pesquisa
As infecções por bactérias gram-negativas representam um dos maiores desafios da medicina contemporânea devido à crescente resistência a antibióticos tradicionais. Entre esses microrganismos, encontram-se Escherichia coli, Salmonella e Shigella, todos protegidos por uma dupla membrana celular que dificulta a ação das drogas. Polimixinas constituem uma das últimas linhas de defesa contra essas superbactérias, mas o mecanismo exato de seu funcionamento permanecia, até então, pouco compreendido.
Resultados e Metodologia
Utilizando a tecnologia de microscopia de força atômica, os pesquisadores acompanharam detalhadamente a ação das polimixinas sobre a membrana das bactérias. O antibiótico foi observado provocando o surgimento de saliências e protuberâncias na superfície externa das células de E. coli, seguidas pelo desprendimento dessa camada protetora, permitindo assim a entrada do medicamento no interior bacteriano.
“Foi incrível ver o efeito do antibiótico na superfície bacteriana em tempo real.”
(“It was incredible seeing the effect of the antibiotic at the bacterial surface in real-time.”)— Carolina Borrelli, Doutoranda em Biofísica e Microbiologia, UCL
O estudo evidenciou que as polimixinas forçam as bactérias a produzirem ‘tijolos’ de membrana em uma velocidade tão alta que ela acaba sendo comprometida, abrindo espaço para a ação letal do antibiótico. Contudo, esse efeito só ocorre em bactérias em crescimento ativo; aquelas em estado dormente permanecem protegidas, já que não produzem nova membrana durante esse período.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta traz clareza fundamental ao debate sobre o combate às infecções resistentes e sugere novas abordagens para potencializar a eficácia dos antibióticos.
“As polimixinas são uma linha de defesa importante contra bactérias gram-negativas, responsáveis por muitas infecções letais resistentes a medicamentos. É importante entendermos seu modo de ação.”
(“Polymyxins are an important line of defense against Gram-negative bacteria, which cause many deadly drug-resistant infections. It is important we understand how they work.”)— Bart Hoogenboom, Biofísico, UCL
Os autores defendem, como próximo passo, a adoção de estratégias combinadas que promovam a produção da ‘armadura’ bacteriana ou ativem bactérias dormentes, tornando-as vulneráveis ao tratamento.
O avanço oferece novas perspectivas sobre como superar a resistência bacteriana, pavimentando o caminho para terapias mais eficientes no futuro.
Fonte: (Live Science – Ciência)