
Nova York — InkDesign News — O misterioso limite entre a morte clínica e a possibilidade de ressuscitação foi tema de uma pesquisa detalhada conduzida em instituições americanas, analisando casos em que pacientes voltaram à vida após longos períodos sem batimentos cardíacos. O estudo, informado por dados da Universidade de Maryland e da Northwell Health, destaca quais condições biológicas ampliam ou restringem esse fenômeno raro na medicina de emergência.
O Contexto da Pesquisa
Primeiro, torna-se essencial delimitar o conceito de morte clínica. Normalmente, médicos utilizam o termo para descrever a parada cardíaca — quando o coração para completamente de bater. A partir desse ponto, todas as células do corpo, especialmente as cerebrais, deixam de receber sangue oxigenado, levando à morte celular irreversível após cerca de cinco minutos sem oxigênio.
“Na maioria das vezes, quando [os médicos] dizem ‘morte clínica’, estamos falando de morte cardíaca, ou seja, seu coração não está mais batendo.”
(“Most of the time when [doctors] say ‘clinically dead,’ we’re talking about cardiac death, and that means your heart is no longer beating.”)— Dr. Daniel Mark Rolston, Médico de emergência, Northwell Health
Casos de morte cerebral, por sua vez, significam que o cérebro perdeu a capacidade de coordenar funções vitais, como respiração e batimentos cardíacos, sendo considerados irreversíveis.
Resultados e Metodologia
A ressuscitação após morte cardíaca requer resposta rápida, geralmente por meio de reanimação cardiopulmonar (RCP) e desfibrilação. Este procedimento mantém o fluxo sanguíneo e pode restabelecer o ritmo cardíaco em até 20% dos casos quando administrado em ambiente hospitalar, mas essa taxa cai para cerca de 10% fora do hospital devido ao acesso limitado a profissionais treinados e à demora no atendimento. Segundo Dr. Rolston, “quanto antes o procedimento é iniciado, melhores são as chances de sobrevivência”.
Situações extremas de recuperação prolongada ganharam destaque com relatos de sobrevivência após exposições severas ao frio (hipotermia), que reduz o metabolismo e a morte celular, protegendo o cérebro. O caso mais notável, segundo estudo relatado em 2018, envolveu um homem de 31 anos revivido após oito horas e 42 minutos sem atividade cardíaca, auxiliado por RCP contínua e suporte vital extracorpóreo:
“Se você resfria rapidamente, isso pode te proteger por muito tempo.”
(“If you get cold fast enough, it can protect you for a long time.”)— Dr. Samuel Tisherman, Professor de cirurgia, Universidade de Maryland
Já episódios de suposta recuperação após morte cerebral são, segundo especialistas, geralmente atribuídos a erros diagnósticos na constatação do estado irreversível do quadro.
Implicações e Próximos Passos
A pesquisa destaca a importância de avanços nas técnicas de suporte à vida — incluindo inovações em hipotermia terapêutica —, além da necessidade de protocolos rigorosos para diagnóstico definitivo de morte cerebral, visando evitar enganos e assegurar decisões éticas na prática médica.
Diante de um tema tão sensível, especialistas sublinham que cada minuto conta para aumentar as chances de sobrevivência com qualidade neurológica, ao mesmo tempo em que reforçam a precisão dos critérios diagnósticos em casos críticos. O desenvolvimento de métodos ainda mais rápidos e eficazes de resfriamento corporal, aliado à expansão do treinamento em RCP na comunidade, figura entre as diretrizes futuras mais promissoras.
À medida que a medicina de emergência evolui, novos estudos poderão transformar práticas e expectativas relacionadas à reversibilidade da morte clínica, redefinindo os limites entre ciência, ética e sobrevivência.
Fonte: (Live Science – Ciência)