
Oxford — InkDesign News — Uma análise conduzida por pesquisadores da Universidade de Oxford detalha os fatores cerebrais, sensoriais e sociais por trás do avanço viral do chamado “Dubai chocolate”, um doce criado nos Emirados Árabes Unidos em 2021 e agora popular em diversos países, incluindo pelas redes sociais, segundo dados publicados este ano.
O Contexto da Pesquisa
O preço elevado dos pistaches, principal ingrediente do recheio do chocolate de Dubai, reflete não só tendências de mercado, mas também o impacto cultural de sua repentina popularidade. Originalmente desenvolvido pela empresa Fix Dessert Chocolatier, nos Emirados Árabes Unidos, o doce — chamado localmente de “Can’t Get Knafeh Of It” — se espalhou globalmente após viralizar em vídeos no TikTok e YouTube, onde seu contraste visual e textura marcantes tomaram destaque entre outros fenômenos recentes da cultura alimentar. A pesquisa de Charles Spence, psicólogo da Universidade de Oxford, tem explorado como a experiência sensorial e o apelo visual de determinados alimentos os tornam candidatos tão potentes à viralização.
Resultados e Metodologia
O estudo de Spence identifica fatores neurosensoriais que explicam o magnetismo do Dubai chocolate: a carapaça de chocolate ao leite, o creme de pistache com tahine e o kadayif (massa folhada desfiada) criam um contraste de cor e textura que favorece sua propagação em mídias visuais. A experiência estética é comparada a outras tendências, como pratos artisticamente emoldurados e utensílios inovadores. Segundo o pesquisador:
A atração inicial está no forte contraste visual. O chocolate cor caramelo contrasta com o verde saturado do pistache, tornando o produto atraente em vídeos e fotos
(“The treat’s initial lure—especially on social media—is its strong contrasting visuals. The caramel-colored milk chocolate clashes with the saturated green of the pistachio filling, making the entire dish pop in videos and photos.”)— Charles Spence, Psicólogo, Universidade de Oxford
Além disso, o artigo aponta uma predisposição evolutiva para alimentos calóricos, reforçando a tendência do cérebro humano em desejar doces altamente energéticos. A popularidade crescente de vídeos de reação alimenta ainda mais o fenômeno:
Ver reações entusiasmadas de outras pessoas ao provar o chocolate informa ao cérebro que aquilo é algo que se deve experimentar
(“Seeing someone’s enthusiastic reaction to tasting the chocolate informs the brain that this is something you should sample personally.”)— Charles Spence, Psicólogo, Universidade de Oxford
Implicações e Próximos Passos
Os resultados sugerem que a composição sensorial e a sensação de novidade pautam a velocidade de disseminação desses alimentos, cenário visto anteriormente com a introdução do sushi no Ocidente. A psicologia do “exótico” colabora para a adesão inicial desses produtos em mercados estrangeiros. Os especialistas avaliam que a ascensão do Dubai chocolate pode ser sintoma de um padrão mais amplo, impulsionado por plataformas digitais e pelo apetite humano a experiências diferenciadas. Novas pesquisas devem investigar como estímulos sensoriais complexos e a influência da mídia digital podem alterar comportamentos alimentares em escala global.
Para os estudiosos da alimentação e comportamentos de consumo, a trajetória do Dubai chocolate exemplifica o cruzamento entre psicologia evolutiva, cultura visual e economia alimentar — área que deve continuar atraindo a atenção de novas investigações multidisciplinares.
Fonte: (Popular Science – Ciência)