Pesquisa indica que vacina COVID prolonga vida de pacientes com câncer

Houston, Universidade do Texas MD Anderson Cancer Center — InkDesign News — Pessoas com câncer de pulmão avançado ou melanoma de pele que receberam uma vacina de mRNA contra a COVID-19 em até 100 dias após o início da imunoterapia sobreviveram consideravelmente mais, revela novo estudo apresentado no Congresso Europeu da Sociedade de Oncologia Médica de 2025, em Berlim. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade da Flórida (UF) e do MD Anderson Cancer Center, representa um marco em mais de uma década de esforços para desenvolver terapias baseadas em mRNA que intensificam a resposta imune contra o câncer.
O Contexto da Pesquisa
Desde a pandemia, vacinas de mRNA vêm sendo estudadas não apenas para prevenção de infecções, mas como potencial ensaio para tratamentos imunoterápicos oncológicos. O estudo baseia-se em trabalhos anteriores da UF e já amplia perspectivas na criação de vacinas universais contra o câncer, capazes de aprimorar a imunoterapia, especialmente em casos avançados onde tratamentos convencionais falharam.
Recentemente, o laboratório do Dr. Elias Sayour observou que seria possível desencadear uma forte resposta imunológica contra tumores ao estimular o sistema a responder como se estivesse combatendo uma infecção viral. Essa descoberta motivou uma análise sobre o impacto das vacinas de COVID-19 em pacientes com câncer submetidos à imunoterapia.
Resultados e Metodologia
O estudo examinou registros de mais de mil pacientes que receberam tratamento no MD Anderson entre 2019 e 2023. Entre os diagnósticos, estavam câncer de pulmão não pequenas células em estágios 3 e 4, além de melanoma metastático. Os dados mostraram que pacientes que receberam uma dose de vacina mRNA contra COVID-19 em até 100 dias do início da imunoterapia tiveram aumento significativo na sobrevida mediana: de 20,6 meses para 37,3 meses em câncer de pulmão, e de 26,7 meses para até 40 meses em melanoma, com alguns pacientes ainda vivos à época da análise. Vacinas não baseadas em mRNA, como contra pneumonia ou gripe, não influenciaram nesses resultados.
Para validar as descobertas, o grupo da UF também conduziu experimentos em camundongos, associando imunoterápicos à vacina mRNA direcionada ao spike viral da COVID-19. O tratamento propiciou resposta antitumoral potente, transformando tumores resistentes em responsivos.
“As implicações são extraordinárias — isso pode revolucionar todo o campo do cuidado oncológico”
(“The implications are extraordinary — this could revolutionize the entire field of oncologic care”)— Elias Sayour, M.D., Ph.D., Oncologista Pediátrico, UF Health
“Os resultados deste estudo demonstram o quão poderosas as medicinas de mRNA verdadeiramente são e que estão revolucionando nosso tratamento do câncer”
(“The results from this study demonstrate how powerful mRNA medicines truly are and that they are revolutionizing our treatment of cancer.”)— Jeff Coller, Ph.D., Especialista em mRNA, Universidade Johns Hopkins
Implicações e Próximos Passos
Embora os resultados sejam de natureza observacional, a equipe ressalta o potencial transformador caso estudos clínicos randomizados os confirmem.
“Embora ainda não comprovado como causal, este é o tipo de benefício de tratamento pelo qual buscamos e raramente alcançamos”
(“Although not yet proven to be causal, this is the type of treatment benefit that we strive for and hope to see with therapeutic interventions — but rarely do.”)— Duane Mitchell, M.D., Ph.D., UF Clinical and Translational Science Institute
Os pesquisadores planejam um grande ensaio clínico multicêntrico, via consórcio OneFlorida+, para expandir a avaliação do impacto dessas vacinas em diferentes populações e instituições. Segundo Elias Sayour, é possível almejar uma vacina universal, comercialmente disponível, que possa atuar como adjuvante à imunoterapia em múltiplos tipos de câncer — estratégia que poderia ampliar de modo sem precedentes a sobrevida de pacientes.
No horizonte, a confirmação dos dados poderá redefinir protocolos e esperança para pacientes em estágio avançado de câncer, com o potencial de retroceder barreiras que limitavam os benefícios da imunoterapia. À medida que novas evidências surgem, a comunidade científica aguarda encaminhamentos que concretizem um tratamento universal e inovador em oncoimunologia.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)