Pesquisa indica que esponjas marinhas foram os primeiros seres vivos

Cambridge, Massachusetts — InkDesign News — Uma equipe de geoquímicos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) revelou novos indícios de que ancestrais de esponjas marinhas podem ter sido alguns dos primeiros animais do planeta. O estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences em 29 de setembro, sugere que fósseis químicos datados de aproximadamente 541 milhões de anos, encontrados em formações rochosas em Omã, Índia e Sibéria, reforçam essa hipótese.

O Contexto da Pesquisa

A busca pela origem dos primeiros seres vivos da Terra é uma questão central para a biologia evolutiva. Por décadas, cientistas tentam identificar quais organismos teriam emergido das moléculas orgânicas primitivas que, em certo momento do passado distante, se alinharam para formar vida. O quadro é dificultado pelo fato de que nem todos os fósseis são visíveis a olho nu — muitos vestígios são preservados em nível microscópico, especialmente quando biomoléculas encontram condições ideais de preservação em sedimentos.

Resultados e Metodologia

Em 2009, pesquisadores detectaram fósseis químicos atribuídos a esponjas marinhas primitivas, na forma de esteranos de 30 carbonos, em rochas de Omã. No entanto, a autenticidade dessa assinatura sempre esteve sob disputa, com hipóteses concorrentes sugerindo origem de outros organismos ou até de processos puramente geológicos. Ao longo dos últimos anos, a equipe do MIT coletou e analisou amostras adicionais, identificando não apenas os mesmos marcadores, como um esterol ainda mais raro com 31 átomos de carbono — molécula encontrada atualmente em determinadas esponjas marinhas, mas incomum em outros seres vivos.

Para validar a origem biológica desse composto, os pesquisadores sintetizaram oito esteróis similares em laboratório e simularam milhões de anos de fossilização. Apenas dois poderiam se formar por processos naturais em rocha; os outros seis teriam origem obrigatoriamente biológica.

“Esses esteranos especiais estavam ali o tempo todo. Era preciso fazer as perguntas certas para encontrá-los e realmente entender seu significado e de onde vieram.”
(“These special steranes were there all along. It took asking the right questions to seek them out and to really understand their meaning and from where they come.”)

— Lubna Shawar, coautora do estudo, MIT

“É uma combinação do que está na rocha, do que está na esponja e do que se pode produzir em laboratório de química. São três linhas de evidência mutuamente concordantes, apontando para essas esponjas entre os primeiros animais da Terra.”
(“It’s a combination of what’s in the rock, what’s in the sponge, and what you can make in a chemistry laboratory. You’ve got three supportive, mutually agreeing lines of evidence, pointing to these sponges being among the earliest animals on Earth.”)

— Roger Summons, coautor do estudo, MIT

Implicações e Próximos Passos

A metodologia aplicada no trabalho estabelece um novo padrão para autenticação de biomarcadores esteróis, indicando quando um sinal realmente deriva de organismos vivos, ao invés de processos não biológicos. Caso a hipótese das esponjas marinhas se confirme, isso reposiciona o início da linhagem animal para um período ainda mais remoto. O grupo pretende expandir suas buscas para outros sítios do mundo, esperando encontrar novas evidências que validem a presença de esponjas como os primeiros organismos pluricelulares da Terra.

O estudo também implica que os primeiros eucariotos — organismos com núcleo e organelas envoltas por membranas — podem ter surgido antes do estimado. Por ora, segue-se no escuro sobre a aparência exata desses ancestrais: “Não sabemos exatamente como eram esses organismos na época, mas certamente viviam no oceano, eram de corpo mole e, presumimos, não possuíam esqueleto de sílica”, acrescenta Summons.

Pesquisadores apostam que futuras análises químicas de rochas antigas podem revelar mais pistas sobre as origens da vida complexa, potencialmente redefinindo marcos evolutivos. O avanço da geoquímica e da biologia molecular aponta para um detalhamento ainda maior do passado primordial da Terra.

Fonte: (Popular Science – Ciência)