
Varsóvia — InkDesign News — Uma pesquisa apresentada em 15 de setembro de 2025, durante o 43º Congresso da Sociedade Europeia de Cirurgiões de Catarata e Refrativa (ESCRS), revela que mais da metade da população nos Estados Unidos e Europa sofre com sintomas de olho seco, ainda que menos de 20% recebam diagnóstico formal. O estudo multinacional liderado pelo oftalmologista Dr. Piotr Wozniak, da Optegra Eye Clinics e da Universidade Cardeal Stefan Wyszyński, aprofunda a dimensão e os desafios clínicos dessa condição ocular frequentemente negligenciada.
O Contexto da Pesquisa
Estudos prévios estimavam a prevalência da síndrome do olho seco entre 5% e 50% da população, indicando falta de consenso sobre a magnitude do problema. O novo levantamento, denominado “Needs Unmet in Dry Eye: Symptoms, Treatment and Severity” (NESTS), busca elucidar a proporção real de atingidos e examinar as razões para a baixa procura por tratamentos. Segundo o Dr. Wozniak, “Resultados de nossos estudos revelam um grupo substancial de pacientes sofrendo sem auxílio. O questionário europeu explorou por que as pessoas não buscam tratamento. Muitos veem o olho seco como parte normal do envelhecimento e algo a suportar. Como médico, isso me preocupa especialmente, pois uma simples gota oftálmica poderia oferecer alívio significativo — mas muitos nem sequer buscam ajuda.”
(“Results from our studies reveal a substantial group of patients suffering without help. The European questionnaire explored why people don’t seek treatment. Many see dry eye as a normal part of aging and something to endure. As a medical doctor, I find this particularly concerning because a simple eye drop could offer significant relief – but many people aren’t even asking for help.”)
— Dr. Piotr Wozniak, Cirurgião Refrativo, Optegra Eye Clinics
Resultados e Metodologia
O NESTS coletou respostas de mais de 7.500 adultos em países como Reino Unido, França, Alemanha, Polônia, Arábia Saudita e EUA. Entre os entrevistados, 58% relataram sintomas de olho seco, mas apenas um em cada cinco consultou um profissional de saúde. Metade sofria diariamente com os sintomas, e até um terço esperou mais de cinco anos antes de procurar atendimento. No estudo estadunidense, 80% mencionaram sintomas como fadiga, coceira e lacrimejamento, mas só 17% tinham diagnóstico médico formal. Além disso, 70% desconheciam opções de tratamento e 40% ignoravam as complicações possíveis, incluindo perda de visão.
O atraso na busca por assistência foi frequente: 60% esperaram ao menos quatro meses antes da primeira consulta, 20% mais de um ano. Mudanças na rotina foram destacadas, como evitar dirigir à noite (17%), parar de usar maquiagem (14,8%) ou reduzir o uso de climatização (15,2%). Seguindo, apenas 25% consideraram seus tratamentos adaptados às necessidades individuais.
“As descobertas evidenciam o impacto generalizado da doença do olho seco na qualidade de vida, mostrando um grande número de pessoas sofrendo em silêncio.”
(“These findings highlight the widespread impact of dry eye disease on quality of life, showing a large number of people suffering silently.”)— Dr. Piotr Wozniak, Cirurgião Refrativo, Optegra Eye Clinics
Implicações e Próximos Passos
Especialistas alertam para os riscos do diagnóstico tardio, pois o olho seco é progressivo e pode evoluir para quadros inflamatórios agravados, como blefarite, inclusive comprometendo resultados cirúrgicos oftalmológicos. A pesquisa sugere maior necessidade de educação pública e formação de profissionais para identificação e tratamento personalizado dos vários tipos de olho seco.
Segundo Dr. Filomena Ribeiro, presidente da ESCRS e chefe do Departamento de Oftalmologia do Hospital da Luz em Lisboa, “É preocupante que tão pequena proporção busque auxílio, especialmente porque pode fazer diferença real nos resultados cirúrgicos e na qualidade de vida.”
(“It is concerning that such a small proportion of sufferers seek help for the condition, especially as it can make a real difference to the outcomes of ophthalmological surgery and also to their quality of life.”)
— Dr. Filomena Ribeiro, Presidente da ESCRS, Hospital da Luz
O diagnóstico costuma envolver relatos dos sintomas, exames oculares e testes específicos de tear film, recomendando-se consultas regulares para prevenção de complicações.
A pesquisa NESTS estabeleceu novos parâmetros sobre a epidemiologia do olho seco, reforçando a urgência de campanhas educativas e de atualização dos protocolos clínicos. Os dados indicam que, sem mudança de atitude entre pacientes e profissionais, milhões permanecerão vulneráveis aos prejuízos visuais e à deterioração do bem-estar.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)