
Stanford, Califórnia — InkDesign News — Um novo estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Stanford e Stony Brook revela que mortes decorrentes da exposição à fumaça de incêndios florestais podem gerar, até 2050, um impacto econômico maior do que todos os outros danos relacionados ao clima nos Estados Unidos. A previsão aponta para um salto de mais de 70% no número anual de óbitos, alcançando mais de 71 mil mortes por ano, resultado direto das mudanças climáticas.
O Contexto da Pesquisa
Incêndios florestais vêm se tornando eventos mais frequentes e extremos devido ao aquecimento global, pois a elevação das temperaturas reduz a umidade do solo e desidrata plantas, aumentando sua inflamabilidade. A fumaça resultante desses incêndios libera partículas ultrafinas conhecidas como PM2.5, capazes de penetrar profundamente no sistema respiratório humano, agravando condições pulmonares e cardíacas. Pesquisas anteriores já documentaram impactos danosos da poluição por fumaça, mas os novos dados detalham o crescimento dessa ameaça em escala nacional e projetam cenários para as próximas décadas.
Resultados e Metodologia
Entre 2011 e 2020, a fumaça de incêndios foi associada a uma média de 41.380 mortes anuais nos EUA. Com base em um cenário de emissões moderado, em que temperaturas globais atingiriam 2°C acima dos níveis pré-industriais, o estudo projeta até 71.420 mortes anuais por volta de 2050, equivalendo a um custo de US$ 608 bilhões por ano — superando os prejuízos agrícolas, perdas por tempestades e mortes ligadas a extremos de temperatura.
Os autores analisaram registros de óbitos de todos os condados americanos entre 2006 e 2019, cruzando essas informações com medições de emissões de fumaça e padrões de vento. Técnicas de aprendizado de máquina permitiram rastrear a dispersão das partículas PM2.5 e associar concentrações a aumentos de mortalidade. O artigo, publicado em 18 de setembro na revista Nature, destaca ainda a vulnerabilidade de Estados como Califórnia, Nova York, Washington, Texas e Pensilvânia, que deverão registrar os maiores aumentos de óbitos até a metade do século.
“Há um entendimento amplo de que a atividade de incêndios e a exposição à fumaça estão mudando rapidamente.”
(“There’s a broad understanding that wildfire activity and wildfire smoke exposure are changing quickly.”)— Marshall Burke, Professor, Stanford University
“O que vemos, e isso é consistente com achados de outros estudos, é um aumento nacional da fumaça de incêndios.”
(“What we see, and this is consistent with what others find, is a nationwide increase in wildfire smoke.”)— Minghao Qiu, Professor Assistente, Stony Brook University
Implicações e Próximos Passos
Os pesquisadores enfatizam que as projeções estão atreladas ao agravamento das mudanças climáticas e à necessidade de rápida redução das emissões de carbono para evitar dezenas de milhares de mortes adicionais nos próximos anos. Também sugerem a adoção de medidas como sistemas de purificação de ar em ambientes internos e queimadas controladas para mitigar os impactos imediatos das queimadas.
Os resultados salientam a importância de políticas públicas e avanços tecnológicos para contenção dos poluentes atmosféricos, com consequências diretas para a saúde coletiva, como ressaltou Burke:
“Nossa compreensão de quem é vulnerável à exposição é muito mais ampla do que pensávamos. […] Infelizmente, identificamos um peso compartilhado dessa exposição em todo o país.”
(“Our understanding of who is vulnerable to this exposure is much broader than we thought. […] Unfortunately find a shared burden of exposure for individuals across the U.S.”)— Marshall Burke, Professor, Stanford University
A pesquisa marca um alerta sobre a urgência de redução dos gases do efeito estufa e o desenvolvimento de estratégias de adaptação, apontando desafios crescentes para a saúde, o meio ambiente e a economia dos Estados Unidos nas próximas décadas.
Fonte: (Live Science – Ciência)