
Perth — InkDesign News — Uma pesquisa detalhada publicada na revista Earth and Planetary Science Letters revelou uma possível evidência de impacto asteroidal até então desconhecido, ocorrido há quase 11 milhões de anos na Austrália. O estudo, liderado por pesquisadores da Curtin University, identificou tektitos — fragmentos de vidro natural criados por colisões de meteoritos — com características químicas e idades distintas, sugerindo um evento de impacto diferente dos já reconhecidos na região.
O Contexto da Pesquisa
Os tektitos, encontrados em regiões específicas do planeta, geralmente remontam a alguns dos maiores impactos meteoríticos da Terra. Anteriormente, a distribuição mais ampla dessas rochas vítreas na Austrália e Sudeste Asiático foi atribuída a um impacto com cerca de 800 mil anos. Estudos desde 1969 apontavam para anomalias em alguns desses objetos, que pareciam mais antigos e quimicamente distintos. Em 1999, uma análise sugeriu idades de milhões de anos, sem, no entanto, comprovar relação com outro grande impacto.
Resultados e Metodologia
No novo estudo, milhares de tektitos do acervo do South Australian Museum foram submetidos a análises de densidade e propriedades magnéticas. Após seleção de 417 amostras incomuns, seis apresentaram composições compatíveis com os tektitos anômalos estudados há décadas, sugerindo uma origem comum em um episódio de impacto há cerca de 11 milhões de anos, distinto do evento australasiano conhecido. Segundo os autores, o grupo foi nomeado “ananguites”, referência aos povos Anangu da região, preservando tradições locais no registro científico.
“Esses vidros são exclusivos da Austrália e registraram um evento de impacto antigo que sequer sabíamos que existia.”
(“These glasses are unique to Australia and have recorded an ancient impact event we did not even know about.”)— Fred Jourdan, Geólogo, Curtin University
O laboratório francês colaborador também contribuiu com análises avançadas dos seis exemplares, consolidando a hipótese de origem separada do mais recente campo de tektitos da Austrália e sudeste asiático.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta reforça a hipótese de que eventos de impacto capazes de produzir tektitos podem ter sido mais comuns ao longo da história terrestre do que se supunha. A equipe ainda não localizou a cratera do impacto, levantando possibilidades em regiões como Filipinas, Indonésia ou Papua-Nova Guiné, onde feições vulcânicas ou processos geológicos poderiam ocultar vestígios da colisão.
“Esses minúsculos fragmentos de vidro são como cápsulas do tempo do passado profundo do nosso planeta.”
(“These tiny pieces of glass are like little time capsules from deep in our planet’s history.”)— Fred Jourdan, Geólogo, Curtin University
Além do interesse geológico fundamental, conhecer a frequência e impacto de eventos desse porte orienta estratégias globais de defesa planetária contra futuros asteroides.
No horizonte, investigadores buscam identificar o local exato da cratera e compreender melhor os efeitos ambientais e biológicos de grandes impactos no continente australiano. O avanço pode influenciar paradigmas de avaliação de risco no contexto terrestre e reforçar a colaboração internacional em pesquisas sobre grandes eventos cósmicos.
Fonte: (Live Science – Ciência)