Pesquisa identifica sinais ocultos de Alzheimer em pacientes com Parkinson

Tóquio — InkDesign News — Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Metropolitano de Geriatria e Gerontologia de Tóquio revelou que pacientes com doença de Parkinson (DP) diagnosticados na faixa dos 80 anos apresentam taxas significativamente mais altas de positividade para amiloide, um marcador associado ao Alzheimer, do que aqueles diagnosticados em idades mais jovens. O estudo, publicado na revista Aging-US, destaca a necessidade de vigilância precoce para alterações cerebrais relacionadas ao Alzheimer nesse grupo etário.
O Contexto da Pesquisa
Os acúmulos de amiloide-beta são considerados marcadores centrais para o declínio cognitivo e, tradicionalmente, suas implicações são estudadas sobretudo em pacientes que já desenvolveram demência. Contudo, a influência da idade sobre a acumulação de amiloide em pessoas com DP que não apresentam problemas cognitivos ainda não era totalmente compreendida. O estudo liderado por Keiko Hatano e Masashi Kameyama buscou preencher essa lacuna, avaliando pacientes com DP, mas sem demência, para identificar possíveis riscos adicionais em idosos.
Resultados e Metodologia
Na pesquisa, foram avaliados 89 indivíduos diagnosticados com DP, divididos em dois grupos: um com diagnóstico antes dos 73 anos (grupo LOW) e outro após os 73 anos (grupo HIGH), todos sem sinais de demência. Amostras de líquido cefalorraquidiano serviram para medir os níveis de amiloide-beta, o método padrão para identificar alterações precoces relacionadas ao Alzheimer. Os dados revelaram que 30,6% dos pacientes do grupo mais velho apresentaram positividade para amiloide, contra apenas 10% do grupo mais jovem.
“[…] we elucidated the prevalence of amyloid positivity in patients with PD without dementia, whose mean age at diagnosis was 80.2 years, using CSF Aβ42 levels.”
(“Esclarecemos a prevalência de positividade para amiloide em pacientes com DP sem demência, cuja idade média no diagnóstico foi de 80,2 anos, usando níveis de Aβ42 no líquido cefalorraquidiano.”)— Keiko Hatano, Primeira Autora, Instituto Metropolitano de Geriatria e Gerontologia de Tóquio
Curiosamente, a taxa de pacientes com DP positivos para amiloide é menor do que a observada em indivíduos cognitivamente normais da mesma faixa etária na população geral. A equipe de pesquisa levantou a hipótese de que a DP possa alterar o padrão de acúmulo silencioso de amiloide no cérebro, encurtando esse período e acelerando a transição para quadros de demência. O estudo também identificou correlações com outros biomarcadores do Alzheimer, como níveis de proteína tau, de acordo com a idade.
Implicações e Próximos Passos
Com o envelhecimento global da população e o aumento dos diagnósticos de DP em idosos, identificar sinais precoces de possível declínio cognitivo torna-se crucial para o desenvolvimento de estratégias preventivas. Segundo os autores, o rastreio antecipado de alterações amiloides pode ser uma ferramenta valiosa na prática clínica para prever e, talvez, retardar a progressão da demência em pacientes com DP.
“Estes resultados sugerem que pacientes mais idosos com DP enfrentam maior risco de futuros déficits cognitivos e podem se beneficiar de triagem precoce para alterações cerebrais ligadas ao Alzheimer.”
(“These findings suggest that older patients with PD may face a greater risk of future cognitive decline and could benefit from early screening for Alzheimer’s-related brain changes.”)— Masashi Kameyama, Autor Correspondente, Instituto Metropolitano de Geriatria e Gerontologia de Tóquio
A expectativa é que novas pesquisas aprofundem a compreensão sobre os mecanismos que tornam o cérebro do paciente com DP menos propenso ao acúmulo prolongado de amiloide e cuál o papel de outros biomarcadores na transição para quadros demenciais. Ensaios clínicos futuros poderão explorar terapias preventivas ou estratégias de monitoramento personalizado para este público específico.
Enquanto isso, o campo da neurociência deve se beneficiar de métodos mais sensíveis de detecção precoce, colaborando para intervenções cada vez mais eficazes na prevenção do Alzheimer e outras formas de demência em indivíduos com DP.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)