Araraquara — InkDesign News — Um novo composto em pó, à base de morina—extraída de plantas como folhas de goiaba e cascas de maçã—apresenta potencial promissor como alternativa aos antibióticos no controle de microrganismos associados à doença periodontal, segundo pesquisa conduzida na Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (FOAr-UNESP). Os resultados laboratoriais foram publicados recentemente no Archives of Oral Biology.
O Contexto da Pesquisa
A doença periodontal, caracterizada pelo acúmulo de biofilme bacteriano nas gengivas e considerada a sexta condição crônica mais comum globalmente, afeta cerca de 45% da população mundial, de acordo com dados de 2022 da Organização Mundial da Saúde. Tratamentos convencionais, com uso de antibióticos, frequentemente apresentam efeitos colaterais como alterações no paladar, aumento do tártaro e manchas nos dentes. O novo estudo visa alternativas menos agressivas e mais eficientes para diversas populações, especialmente idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
Resultados e Metodologia
Pesquisadores da FOAr-UNESP submeteram biofilmes formados por múltiplas espécies bacterianas, simulando as condições observadas em pacientes humanos, ao tratamento com morina encapsulada em sistemas de liberação controlada desenvolvidos a partir de alginato de sódio e goma gellan. O pó obtido pelo processo de secagem por spray mostrou-se eficaz contra agentes microbiológicos pertinentes à doença periodontal, com vantagens adicionais relacionadas à diminuição de manchas dentárias e possibilidade de incluir a substância em diferentes produtos de higiene oral.
“Neste momento, temos um pó fino obtido por spray drying – o mesmo equipamento utilizado para fabricar leite em pó – que pode ser empregado na formulação de diversos produtos de higiene bucal. A ideia é fornecer uma plataforma que sirva como complemento, especialmente útil para pessoas com limitações motoras e pacientes com necessidades especiais.”
(“At the moment, we have a fine powder obtained through spray drying – which is the same equipment used to make powdered milk – that can be used to make various types of oral hygiene products. The idea is to provide a platform that acts as an adjunct and can be useful, for example, for people with reduced motor skills who are unable to brush their teeth properly, such as older adults and patients with special needs,”)— Fernanda Lourenção Brighenti, Professora, FOAr-UNESP
A escolha pela morina fundamentou-se em seu baixo custo e acessibilidade, destacando-se frente ao consumo in natura:
“Morina é um flavonoide que pode ser obtido de diversos frutos. Porém, o simples consumo alimentar não proporciona os benefícios desejados; é necessário processar a substância para aproveitá-la em prevenção e tratamento.”
(“Morin is a flavonoid that can be obtained from various fruits. But simply eating it isn’t enough; the substance needs to be processed. The idea is to take advantage of this natural compound, its benefits, and its advantages, and transform it all so that it can be used to prevent and treat tooth decay and periodontal disease.”)— Luciana Solera Sales, Doutoranda, FOAr-UNESP
Implicações e Próximos Passos
A pesquisadora Sales reforça que, embora os testes em laboratório tenham sido promissores, os próximos desafios envolvem ensaios com modelos animais e, futuramente, estudos clínicos humanos para avaliar não apenas a eficácia, mas também a segurança da morina em relação ao equilíbrio da microbiota oral. Brighenti enfatiza: “Não queremos eliminar todas as bactérias da boca; nosso objetivo é manter o equilíbrio do ecossistema oral.”
O desenvolvimento da morina encapsulada sinaliza um possível avanço no tratamento de doenças periodontais, podendo substituir compostos atualmente utilizados que causam desconforto e efeitos adversos em pacientes, ao mesmo tempo que oferece uma plataforma de aplicação ampla, escalável e de fácil acesso para a indústria odontológica.
A comunidade científica acompanha os próximos passos desta pesquisa, aguardando comprovações clínicas robustas que poderão legitimar a aplicação da morina em larga escala na prevenção e tratamento de doenças bucais.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
