Pesquisa identifica composto no ar ligado ao risco de Parkinson

Phoenix, EUA — InkDesign News — Um estudo nacional publicado na edição de 1º de outubro de 2025 da revista Neurology aponta que a exposição prolongada ao tricloroetileno (TCE), um solvente industrial ainda presente no ar, solo e água nos EUA, está associada a um risco 10% maior de doença de Parkinson entre idosos. A pesquisa coordenada pelo Barrow Neurological Institute, no Arizona, utilizou dados de mais de 1,1 milhão de adultos acima de 67 anos para mapear a relação entre poluição ambiental e risco neurológico.
O Contexto da Pesquisa
Utilizado historicamente em processos industriais como desengorduramento de metais e lavagem a seco, o tricloroetileno foi banido para alguns fins, mas permanece ativo como poluente persistente nos Estados Unidos. A preocupação crescente com contaminantes ambientais motivou o estudo, diante de evidências acumuladas sobre a relação entre exposições químicas e o aumento de doenças neurodegenerativas.
As investigações anteriores já sugeriam ligações entre ambientes contaminados e a elevação de casos de Parkinson, mas poucos estudos conseguiram estimar riscos em larga escala ou analisar dados georreferenciados de exposição.
Resultados e Metodologia
A equipe analisou informações do Medicare para identificar pessoas recém-diagnosticadas com Parkinson entre 2016 e 2018, cruzando os dados com níveis de TCE detectados por CEP+4, conforme registros da Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Os participantes foram agrupados por decil de exposição, considerando concentrações de TCE no ar desde 0,005 até 8,66 microgramas por metro cúbico.
Após ajuste para fatores como idade, histórico de tabagismo e exposição a partículas finas, aqueles que viviam em regiões com maiores concentrações ambientais de TCE apresentaram risco 10% superior para desenvolver Parkinson.
“In this nationwide study of older adults, long-term exposure to trichloroethylene in outdoor air was associated with a small but measurable increase in Parkinson’s risk.”
(“Neste estudo nacional com idosos, a exposição prolongada ao tricloroetileno no ar externo esteve associada a um aumento pequeno, porém mensurável, no risco de Parkinson.”)— Brittany Krzyzanowski, PhD, Barrow Neurological Institute
Houve identificação de “hot spots” geográficos dessa exposição, concentrados na região industrial dos EUA conhecida como Rust Belt e em pontos isolados no país. A proximidade das residências aos maiores emissores de TCE correlacionou-se com elevação incremental do risco.
Implicações e Próximos Passos
Os autores alertam que, apesar do risco individual ser modesto, o gigantesco contingente populacional exposto pode representar um impacto público relevante.
“While the increased risk was modest, the sheer number of people exposed to TCE in the environment means the potential public health impact could be substantial.”
(“Embora o aumento de risco tenha sido modesto, o enorme número de pessoas expostas ao TCE pode significar impacto significativo para a saúde pública.”)— Brittany Krzyzanowski, PhD, Barrow Neurological Institute
O estudo reforça a urgência em fortalecer regulações ambientais e ampliar o monitoramento de solventes industriais. Entre as limitações, estão a restrição da amostra à população idosa e o uso de medidas de exposição baseadas em níveis de TCE de 2002, sem considerar exposições ao longo da vida ou ambientes internos.
Especialistas sinalizam a necessidade de investigações mais detalhadas em faixas etárias variadas e localidades diversas, além do desenvolvimento de alternativas industriais mais seguras. A discussão integra um movimento recente de revisão da legislação ambiental frente ao avanço de evidências sobre danos neurológicos causados por poluentes.
Com o acúmulo de dados, cresce a expectativa por novas pesquisas interdisciplinares e pelo aprimoramento de estratégias preventivas para a saúde pública. Medidas regulatórias e monitoramento permanente podem transformar o panorama de riscos associados ao TCE e a outros solventes industriais no futuro próximo.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)