Pesquisa identifica causas de rios do Alasca ficarem alaranjados

Riverside — InkDesign News — Um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences alerta para severa contaminação de rios no Alasca causada pelo derretimento do permafrost, fenômeno até então raro em regiões não afetadas por mineração. Lideradas por cientistas da University of California, Riverside, as análises detectaram níveis tóxicos de metais em rios que antes eram potáveis.

O Contexto da Pesquisa

O derretimento do permafrost, camada de solo ártico permanentemente congelada, ameaça transformar paisagens há milênios intocadas do Alasca, segundo equipes de pesquisadores que monitoram a região de Brooks Range desde a década de 1970. O fenômeno climático, intensificado pelo aquecimento global, libera minerais antes aprisionados no subsolo, desencadeando uma reação química até então observada predominantemente em áreas mineradas.

“Este é o aspecto da drenagem ácida de mina. Mas aqui, não existe mina. O permafrost está descongelando e mudando a química da paisagem.”
(“This is what acid mine drainage looks like. But here, there’s no mine. The permafrost is thawing and changing the chemistry of the landscape.”)

— Tim Lyons, Bioquímico, Universidade da Califórnia, Riverside

Resultados e Metodologia

Os pesquisadores documentaram que, à medida que o permafrost degela, água e oxigênio infiltram-se no solo, promovendo a decomposição de rochas ricas em sulfeto e criando ácido sulfúrico. Isso libera metais como ferro, cádmio e alumínio para a água dos rios, em níveis superiores aos limites de segurança ambiental dos Estados Unidos.

A equipe utilizou amostras do Rio Salmon e identificou que, mesmo ausente contaminação humana ou de mineração, o processo de acidificação e enriquecimento de metais ocorre naturalmente devido à mudança climática. Os metais ameaçam organismos aquáticos, como salmões e insetos, prejudicando cadeias alimentares.

“Trabalho e viajo pela Brooks Range desde 1976, e as mudanças recentes nas formas da paisagem e na química da água são realmente impressionantes.”
(“I have worked and traveled in the Brooks Range since 1976, and the recent changes in landforms and water chemistry are truly astounding.”)

— David Cooper, Pesquisador, Universidade Estadual do Colorado

Peixes como o salmão chum, fundamentais para as comunidades indígenas locais, podem ter sua reprodução comprometida por resíduos metálicos e sedimentos finos acumulados nos leitos dos rios.

Implicações e Próximos Passos

O estudo revela um novo tipo de ameaça ambiental: sem infraestrutura adequada em áreas remotas e múltiplas fontes de contaminação, conter ou reverter o processo se torna praticamente inviável. Só a retomada do congelamento do permafrost poderia barrar o avanço do problema.

Os autores defendem que as descobertas sirvam de alerta. Comunidades e gestores ambientais precisam antecipar futuros impactos, considerando o aumento global das temperaturas. O caso do Alasca é um indicativo para outras regiões do Ártico, com potencial de replicação do fenômeno.

No horizonte científico, a pesquisa destaca a necessidade de vigilância contínua e adaptações em políticas ambientais frente aos efeitos imprevisíveis da crise climática. O monitoramento de rios árticos e o estudo das relações geoquímicas deverão nortear os próximos passos das investigações sobre contaminação de águas devido ao degelo do permafrost.

Fonte: (ScienceDaily – Ciência)