
Cambridge, Massachusetts — InkDesign News — Um grupo internacional de astrônomos identificou um buraco negro supermassivo no início do universo que desafia os limites da física conhecidos, crescendo a uma taxa mais de duas vezes superior ao limite teórico estabelecido. O estudo, publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters, empregou dados do telescópio Chandra da NASA para analisar o objeto RACS J0320-35, que teria se formado cerca de 920 milhões de anos após o Big Bang.
O Contexto da Pesquisa
Cientistas há décadas buscam entender como buracos negros primordiais cresceram tão rapidamente em um universo jovem. O limite de Eddington, conceito fundamental na astrofísica, estipula a máxima taxa de crescimento de um buraco negro antes que a pressão da radiação expulse matéria, interrompendo sua alimentação. Entretanto, nos últimos anos, as observações de buracos negros ainda mais antigos e massivos do que o previsto desafiaram explicações tradicionais, sugerindo que mecanismos ainda desconhecidos podem governar seu crescimento nos primórdios do cosmos.
Resultados e Metodologia
Utilizando os dados do observatório de raios X Chandra, juntamente com observações nos espectros infravermelho e óptico, os pesquisadores identificaram que o buraco negro RACS J0320-35 possui massa estimada em aproximadamente 1 bilhão de sóis e cresce de 300 a 3.000 massas solares por ano — 2,4 vezes acima do limite de Eddington. Os cientistas trabalharam na reconstrução do histórico deste objeto, apontando que seu crescimento veloz segue modelos similares aos de buracos negros observados no universo local, formados a partir do colapso de estrelas massivas.
“It was a bit shocking to see this black hole growing by leaps and bounds.”
(“Foi um pouco chocante ver este buraco negro crescendo aos saltos.”)— Luca Ighina, Pesquisador, Harvard & Smithsonian Center for Astrophysics
A equipe utilizou análise espectral detalhada para comparar a intensidade dos raios X emitidos com dados em outros comprimentos de onda, calculando assim o ritmo de alimentação do objeto, bem acima das previsões teóricas.
Implicações e Próximos Passos
A existência de buracos negros como RACS J0320-35 sugere que mecanismos alternativos e mais eficientes de crescimento podem ter sido comuns nos primórdios do universo, obrigando a comunidade científica a reavaliar os modelos cosmológicos tradicionais sobre formação e evolução desses objetos. Observações semelhantes, realizadas pelo telescópio espacial James Webb, corroboram a hipótese de que buracos negros super-Eddington podem ser mais comuns do que se supõe.
“How did the universe create the first generation of black holes?”
(“Como o universo criou a primeira geração de buracos negros?”)— Thomas Connor, Pesquisador, Harvard & Smithsonian Center for Astrophysics
Novos estudos, alavancados por tecnologias de observação ainda mais sensíveis, deverão aprofundar a investigação sobre as origens e os mecanismos de alimentação desses gigantes cósmicos. Enquanto isso, permanece a interrogação sobre como tais entidades desafiaram os limites estabelecidos pela física atual, indicando que a resposta pode estar nas condições extremas do universo primitivo e em processos de acreção ainda não totalmente compreendidos.
Fonte: (Live Science – Ciência)